Jornal Estado de Minas

PALESTRA

Bolsonaro afirma que 'o Brasil estava indo muito bem' no seu governo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o Brasil "estava indo bem" em seu governo. E falou, ironicamente, que não entende o que levou a população a decidir pela eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no pleito de outubro de 2022.



A declaração foi dada durante o evento Power of the People (Poder para o Povo), promovido pelo grupo de extrema-direita Turning Point USA em Miami.

A plateia que acompanhava a palestra se manifestou em referência a uma possível fraude eleitoral - teoria que não conta com nenhuma prova ou evidência -, ao que o apresentador Charles Kirk, apontado como um dos que financiaram o comício de Donald Trump que precedeu o ataque ao Capitólio, disse já ter "ouvido isso em algum lugar".

Apoiadores de Trump alegaram, igualmente sem apresentar provas que fundamentem a afirmação, que a disputa que levou o democrata Joe Biden à Casa Branca não foi transparente.

Ainda durante a fala, que durou cerca de 40 minutos, o ex-presidente voltou a repetir declarações feitas durante sua campanha à reeleição.

Ele afirmou que deu autonomia aos médicos para receitar medicamentos durante a pandemia da COVID-19, indo contra o indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).





Yanomamis

Ao ser questionado sobre o que achava do avanço da esquerda na América Latina, Bolsonaro voltou a citar a Venezuela e afirmou que o estado de Roraima chega a receber centenas de pessoas do país vizinho todos os dias.

"Por uma cidade do estado de Roraima entram, em média, 700 venezuelanos fugindo da fome, da miséria e da violência. Chegam pesando 15 kg a menos do que eles tinham há alguns anos", afirmou Bolsonaro. Ele não comentou e nem foi questionado a respeito das acusações de que o seu governo não prestou auxílio aos yanomamis no mesmo estado.

O ministério dos Povos Indígenas afirmou que, ao longo de 2022, quase uma centena de crianças morreu de desnutrição, pneumonia, diarreia ou malária.

Estima-se que, pelo menos, 570 crianças podem ter morrido por contaminação por mercúrio e fome durante o governo Bolsonaro. Mercúrio é comumente usado em garimpos ilegais na região e pode contaminar água usada para consumo e pesca dos povos originários.