Jornal Estado de Minas

PLANALTO

Lula visita o Rio de Janeiro hoje (6/2) e inicia viagens pelo Brasil

Após a crise instalada por ataques terroristas em Brasília e compromissos no exterior à frente do terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara uma agenda positiva de viagens pelo Brasil para inauguração de obras a partir de hoje (6/2), quando desembarca no Rio de Janeiro.



O ministro da Casa Civil, Rui Costa, anunciou que a visita à capital carioca objetiva a inauguração de uma unidade de saúde onde anunciará a retomada do planejamento e dos investimentos na área. O chefe do Executivo estará acompanhado da ministra da Saúde, Nísia Trindade.

A pasta prevê um investimento de R$ 600 milhões para a execução do Programa Nacional de Redução das Filas de Cirurgias Eletivas, Exames Complementares e Consultas Especializadas, que será instituído por meio de uma portaria. O plano foi apresentado no último dia 27 aos governadores em reunião no Palácio do Planalto. 

Mapeamentos de obras no país 

Em outra frente, o governo federal segue mapeando as obras, ações e programas que todos os 37 ministérios da Esplanada podem entregar nos primeiros 100 dias de governo. Rui Costa começou uma série de visitas a todas as pastas para receber dos ministros as prioridades de cada órgão. Costa explicou que a Casa Civil fará o monitoramento das ações em curso nos ministérios. Lula, segundo Costa, quer “um ritmo acelerado de entregas e de ações de governo”.




 
Na chegada ao Rio, prevista para 10h, o presidente participará da cerimônia de posse do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.

Às 15h, participará da cerimônia de inauguração de unidades do complexo Super Centro Carioca de Saúde, com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e do anúncio do lançamento da Política Nacional de Redução das Filas de Cirurgias Eletivas, com a Ministra da Saúde, Nísia Trindade, retornando no fim da tarde para Brasília.
 
Já no dia 14, a expectativa é de que Lula viaje para Santo Amaro, na Bahia, para o relançamento do Minha Casa Minha Vida. No dia 15, segue para Sergipe para a retomada de obras de estradas. Após o carnaval, o petista visitará outros estados anunciando investimentos como a volta do programa Água para Todos, que reúne medidas preventivas e corretivas contra a seca, sobretudo nas zonas rurais, devendo iniciar pela Paraíba. 





“Essas são as primeiras de uma série de viagens que Lula fará para retomar ações, entregar obras e lançar novos programas de governo.
Temos pressa para reconstruir o Brasil”, reiterou o ministro por meio das redes sociais. Especialistas apontam que o giro pelo país também tem como mote medir a imagem de Lula perante o eleitorado, além de pavimentar a estrada para sua reeleição, em 2026. Em publicação, o presidente reforçou que “viajará o país para conhecer os reais problemas”.

Articulações com prefeitos

Paulo Baía, cientista político e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) observa que as viagens de Lula têm a intenção de dar musculatura ao começo de seu mandato. “A reunião dos governadores mostra isso. Nessas viagens, ele terá a articulação de prefeitos também.

Nessa pauta das viagens internas, tem o apoio ao governo, as iniciativas da gestão, de retomada das obras interrompidas como também é uma linha de apoio político a favor da democracia que foi o reflexo de reuniões com os entes.



A pauta de viagens, tanto internas como nacionais que vão se intensificar, dizem respeito a essa ideia de fortalecer, dar musculatura ao governo neste início e nos 100 primeiros dias”, aponta.

"Medir a temperatura" 

A advogada constitucionalista Vera Chemin, mestre em direito público administrativo pela Fundação Getulio Vargas (FGV), analisa que Lula pretende ainda “medir a temperatura” de sua imagem perante o eleitorado pelo país.

“É possível afirmar que o pano de fundo que está por detrás dessa viagem é a necessidade de reaproximação com a população das diversas regiões do país e, ao mesmo tempo, captar o antigo apoio político por meio de um efeito-demonstração que pode ser traduzido em promessas voltadas à satisfação das necessidades sociais e econômicas peculiares a cada local a ser visitado”, aponta.
 
“Trata-se, pois, de uma forma de aferir a sua credibilidade junto ao eleitorado brasileiro por meio de sua maior ou menor receptividade e assim, recuperar a sua confiança calculando, estrategicamente, como deverá proceder no curto e médio prazo para manter a sua popularidade e preparar o terreno (desde já) para as eleições de 2026”, expõe.




 
Há a previsão de que Lula visite o Pará, no Norte, para entregar obras de saneamento básico. Costa argumentou que haverá, além de entregas de obras, o anúncio de intervenções com recursos federais em estados, bem como a continuidade de construções paradas e abandonadas.

Até então, desde o começo do mês, Lula viajou para Boa Vista, Roraima, para definir ações emergenciais aos povos yanomamis, que enfrentam graves crises de saúde, como desnutrição severa, e esteve em Araraquara (SP) analisando os danos causados pelas fortes chuvas na região.

Reunião com governadores

Obras estaduais e regionais foram um dos principais temas da reunião de Lula com os 27 governadores no último dia 27, no Palácio do Planalto. O petista recebeu dos políticos uma lista de obras que interessam aos estados e às suas respectivas regiões. Após o encontro, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, ressaltou que os entes federados terão um prazo entre 3 e 10 de fevereiro para encaminhar ao governo os projetos prioritários de obras estruturantes.
 
A primeira diretriz, apontou, é a retomada das mais de 10 mil obras paralisadas. Em indireta ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) emendou que a era de “boicotar um estado acabou”. E sinalizou que haverão reuniões bilaterais com os governos a partir de 13 de fevereiro, com o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

“São obras nas áreas da saúde, habitação e educação. Lula fez questão de dizer que a era do conflito federativo, de um presidente ir a um estado e se negar a estar junto com governadores, disputar obras, querer boicotar um estado, acabou”.