Jornal Estado de Minas

ENTREVISTA

Anielle sobre ataques: ideologia não pode ser maior que direitos humanos

A ministra da igualdade social, Anielle Franco, avaliou como "extremamente desafiador” ser chefe de pasta do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por enfrentar uma oposição extremista.  

Anielle participou do EM entrevista e, ao ser questionada sobre os ataques que aconteceram no dia 8 de janeiro, quando bolsonaristas extremistas invadiram as sedes dos Três Poderes, avaliou que a oposição precisa ser responsabilizada pelos ataques.




“Aquilo ali foi de um extremismo enorme. A gente não pode, em hipótese alguma, pensar que ideologia política tem que ser maior do que valores humanos. Eu repito essa frase literalmente desde 2018, quando mataram a minha irmã e cuspiram na minha cara com a minha filha de 2 anos no colo”, disse a ministra.

Anielle é irmã da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada em 2018, no centro do Rio de Janeiro, um crime que segue sem solução. Após o episódio, ela, que é jornalista de formação, criou o Instituto Marielle Franco. Com larga experiência e trajetória como ativista das questões de raça e gênero no Brasil e os desdobramentos desses termos na violência política do país, a ministra assume o compromisso de, de fato, incluir e lutar pela população preta na pauta do governo federal.

Para ela, o governo precisa “defender a democracia” e discutir os ataques em todos os âmbitos possíveis. “É inadmissível que a gente, hoje, no Brasil, no tamanho do país que é e com diversidade que temos dentro desse país, que a gente ainda precise explicar o óbvio”, seguiu.



“A gente sabe que a gente tá lidando com pessoas que pensam diferente, a gente sabe que vai ter um congresso muito difícil também, desafiador, mas eu acredito, e eu posso estar sendo muito otimista, mas eu acredito no diálogo”, disse. “Eu acredito que a gente vai conseguir, sim, sabe? O mínimo que seja. Sentar, dialogar, conversar, propor, pensar junto. Óbvio, se houver um respeito. Se houver ali é uma articulação onde a gente possa entender o ponto do outro sem transpassar o limite do respeito e da empatia”.

Questionada se havia recebido muitas ameaças após se tornar ministra de Estado, Anielle disse que não.

“Desde que assumi, eu não recebi nenhuma ameaça. A gente tem, agora, um protocolo de segurança que nós seguimos até o dia da posse do Lula, que foi no dia primeiro. Até o dia primeiro, eu recebi algumas coisas bem racistas, algumas frases que não vale nem a pena repetir, mas me xingando. Também referindo a cor da pele, também referindo à minha irmã, mas nenhuma ameaça. Anteriormente sim, né? Por exemplo, eu faço parte do programa de proteção, defensora dos Direitos Humanos pela cidade do Rio de Janeiro.”

Confira a entrevista com a ministra Anielle Franco na íntegra