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Estado de Minas ATO GOLPISTA

Órgão tira cargo de chefia e abre investigação contra funcionário com elo golpista

Saulo de Souza Santos, técnico na empresa de processamento de dados do governo, aparece no acampamento em imagens compartilhadas nas redes sociais


08/02/2023 12:14 - atualizado 08/02/2023 12:52

Sede do Serpro, em Brasília
Sede do Serpro, em Brasília (foto: Serpro/Divulgação)
O Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), vinculado ao governo federal, destituiu de função de confiança um empregado que participou de atos antidemocráticos no acampamento em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília. O órgão instaurou ainda procedimento para apurar a conduta do funcionário.

Saulo de Souza Santos, que ocupa o cargo de técnico na empresa de processamento de dados do governo, aparece no acampamento em imagens compartilhadas nas redes sociais.

A Folha não conseguiu contato com Santos.

Procurada pela Folha, a empresa afirma que já havia recebido denúncias da participação de Santos nos atos antidemocráticos e que, conforme orientação da CGU (Controladoria-Geral da União), instaurou procedimento de investigação preliminar sumária para analisar o caso.

O prazo de conclusão da investigação tem duração de 60 dias, podendo ser prorrogado por igual período, "desde que exista necessidade comprovada para a prorrogação". O Serpro diz também que toda informação dos procedimentos de investigação preliminar é sigilosa.

"A apuração está acontecendo nos termos previstos na Portaria Normativa CGU nº 27/2022, com a finalidade de coletar elementos de informação acerca da autoria e materialidade da denúncia, de modo a subsidiar a decisão quanto à necessidade de instaurar processos de responsabilização", afirma o Serpro, em nota.

Além do cargo de técnico, Santos atuava na função de chefe de setor. Diante das denúncias, o Serpro decidiu destituir o empregado "da função de confiança e aguarda a apuração das irregularidades para seguir ou não com o processo de responsabilização". Ele foi retirado da função no dia 26 de janeiro.

Caso seja instalado o processo de responsabilização, segundo pessoas com conhecimento do tema, as sanções podem ser desde advertência até demissão por justa causa --de acordo com a gravidade da situação.

No dia 26 de novembro, Santos publicou uma selfie em seu perfil numa rede social. Nela, aparece no acampamento montado no QG do Exército, em Brasília, vestindo uma camiseta amarela e uma bandeira do Brasil nas costas. Ao fundo é possível ver outros manifestantes e uma grande bandeira do país estendida.

Em vídeo que circula nas redes, ao qual a Folha teve acesso, o funcionário do Serpro aparece novamente com uma bandeira do Brasil amarrada em seu corpo enquanto caminha pelo acampamento em Brasília. Desta vez, ele aparece usando uma camiseta da cor preta.

Na gravação, se refere ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes como "Xandão" e afirma que o magistrado censura o canal bolsonarista Hipócritas.

"Eles fizeram uma tenda aqui. Os caras do Hipócritas são fantásticos. O trabalho que eles estão fazendo de cobertura, mesmo sob censura. Porque o Xandão está censurando o canal Hipócritas, onde mais dói, censurando no bolso. Mas eles resistem", diz Santos.

Em outro trecho do vídeo, ele aponta a câmera para o seu rosto e afirma que a manifestação no acampamento "segue firme, gigante".

"Xandão, tic-tac. Xandão, tic-tac. Tic-tac, Xandão, tic-tac", diz.

No dia 21 de setembro, também postou imagem em seu perfil numa rede social da Esplanada dos Ministérios tomada por manifestantes apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 7 de setembro de 2022. Em resposta a um comentário, escreveu que esteve na manifestação e que o ato "foi top d+".

O acampamento no QG do Exército em Brasília foi desmobilizado no dia 9 de janeiro, após os atos golpistas nas sedes dos Três Poderes. A Polícia militar do Distrito Federal e a Polícia do Exército conduziram o esvaziamento da área, cumprindo a determinação de Moraes, de retirada de todos os golpistas acampados no local.

 


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