"O governo nunca foi fechado ao diálogo. Sempre foi aberto. E tenho a certeza de que vai continuar", diz Laviola, em entrevista ao Estado de Minas.
Aos 29 anos, Laviola terá apenas mais um colega de partido na Assembleia: Doutor Maurício, de 73. A baixa representação da legenda de Zema no Legislativo estadual, porém, não o assusta. "O resultado não foi como o esperado, mas não acho que isso enfraqueça a posição do governo aqui. Estamos na caminhada de construir um bloco robusto. Há pessoas e grupos políticos que não estão no bloco de governo, mas se declararam totalmente alinhadas ao Executivo", garante.
O parlamentar leva, também, o espólio político de outro ex-deputado estadual: José Henrique, marido de uma tia. Ex-vice-presidente da Assembleia, ele morreu em 2013.
Qual será a prioridade de seu mandato?
A principal bandeira é o desenvolvimento regional e de base. Minha política é municipalista. Hoje, os municípios têm muito pouca autonomia. Os municípios de pequeno e médio porte, com os quais trabalho em maior número, têm uma escassez financeira de recursos muito grande. Temos, hoje, no Vale do Rio Doce, o Leste de Minas.
É, historicamente, minha área de atuação e de minha família. Temos trabalho muito forte, também, na Zona da Mata, e atuação no Triângulo.
O senhor citou o desenvolvimento regional como prioridade. Pretende usar a Associação Mineira de Municípios (AMM) como ferramenta para empoderar as médias e pequenas cidades?
A AMM é sempre parceira do Parlamento e dos municípios. O doutor Marcos (Vinícius Bizarro, presidente) tem feito uma gestão que a gente admira e respeita. Com certeza, a AMM vai ser parceira de nosso mandato, como é parceira dos municípios, inclusive recentemente nas decisões de mudança do critério do IBGE (no que tange à divisão do Fundo de Participação dos Municípios).
Eles têm entrado em defesa dos municípios e da recontagem (populacional). A AMM é muito atenta às pautas municipalistas.
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Zema teve dificuldades na relação com a Assembleia durante o primeiro mandato. Agora, construiu uma base aliada com a maioria dos deputados. Como será a relação entre os Poderes daqui para frente?
A relação do governador com a Assembleia tem se consolidado cada vez mais como muito amistosa. Vamos ter quatro anos de análises de projetos com muita discussão dos textos e construção coletiva, porque a autonomia do Legislativo precisa ser respeitada sempre. Vejo o governo Zema muito aberto ao diálogo e à construção conjunta. Tenho certeza de que vamos passar quatro anos mais amigáveis e com muitas pautas avançando.
Entre as pautas defendidas pelo governo, está o Regime de Recuperação Fiscal. Há resistência clara da oposição em relação à ideia. É possível que o governo consiga os votos necessários para aprovar o projeto?
É um tema muito sensível, todo mundo sabe. O governo vai ter a sensibilidade de dialogar com todos os setores para construir um texto que atenda à sociedade mineira. Tenho muita confiança no trabalho do governo do estado e do governador. Ele vai construir o melhor caminho para Minas. É muito cedo para falar. Não sabemos como vai vir o texto - e nem quando virá. Mas o governador já enviou uma versão da Recuperação Fiscal à Assembleia.
O senhor acha, então, que o governador vai enviar uma nova versão do texto? É possível que o diálogo com as entidades de classe modifique as bases do ajuste fiscal?
Muitas vezes o texto é aprimorado aqui dentro também. Não sei como vai ser esse processo. Acho que ele ainda vai ser construído, mas o governo nunca foi fechado ao diálogo. Sempre foi aberto. E tenho a certeza de que vai continuar.
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Mas essa abertura pode permitir conversas com os sindicatos sobre a Recuperação Fiscal?
Com certeza. Ele (o governo) nunca esteve fechado a escutar e a construir junto.
Em que pese o fato de a Assembleia ter tido baixo índice de renovação para esta legislatura, há 25 novatos - muitos, como o senhor, estão abaixo dos 30 anos. É possível que novatos e jovens cheguem a consensos mesmo tendo visões diferentes?
Acho que sim. Minas Gerais tem uma característica muito bonita: a conciliação. Unir esforços nas pautas comuns, pois nem tudo é antagônico. O que diferencia a diminuição da idade na Casa é que os parlamentares mais jovens, como eu, têm, talvez, uma urgência maior para que as coisas andem de forma mais rápida. Acredito que isso pode contribuir para que as pautas andem mais rapidamente e para que as políticas cheguem aos cidadãos de forma menos morosa.
O senhor é um deputado que vem de uma família com linhagem política. Que ideias defendidas por seus familiares tentará seguir durante o mandato?E o que fazer para não ser visto meramente como o filho de Celise Laviola, que deixou a Assembleia em janeiro?
Tenho muito orgulho da trajetória da minha família. Começou com meu avô (José Laviola), teve meu tio (José Henrique) e, depois, minha mãe (Celise Laviola). Quero trazer muito o senso de responsabilidade de trabalho. Ninguém permanece na política por tanto tempo sem muita prestação de serviços públicos. Esse senso de responsabilidade e a segurança de que o trabalho continuará bem prestado permanecem comigo.
E vêm características novas: um dinamismo diferente e a forma de ver (alguns assuntos). Não temos como ser a mesma pessoa. Cada um dos que me antecederam nesta sucessão familiar teve uma característica que preponderou. Vão descobrir em mim uma pessoa muito disposta a ajudar e que, quando precisa estar disposta a brigar pelas pautas. Mas muito tranquila e serena para buscar recursos e desenvolvimento para onde precisa.
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Embora o governo tenha o apoio da maioria dos deputados, o Novo só elegeu dois parlamentares. A representação baixa do partido de Zema é um desafio?
O resultado não foi como o esperado, mas não acho que isso enfraqueça a posição do governo aqui. Estamos na caminhada de construir um bloco robusto. Há pessoas e grupos políticos que não estão no bloco de governo, mas se declararam totalmente alinhadas ao Executivo.
O baixo desempenho do partido, perto das perspectivas, não compromete a boa relação que o governo vai ter com o Legislativo.