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Estado de Minas SOB NOVA GESTÃO

50 dias depois, os próximos desafios do governo

Controle da inflação e dos juros tende a ser uma das maiores dificuldades, passando pelo embate com o presidente do Banco Centra


20/02/2023 04:00 - atualizado 20/02/2023 07:32

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Lula no Palácio do Planalto: petista priorizou, até agora, compromissos em estados onde venceu a eleição presidencial (foto: RICARDO STUCHKERT/PR)

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega aos seus 50 dias de governo acumulando agendas e desafios que passam por entregas de programas sociais, fortalecimento de sua base no Congresso, exoneração de militares e reposicionamento do Brasil internacionalmente. E por fim o polêmico embate com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a taxa Selic. O período marca metade dos chamados 100 dias – expressão presente em todos as gestões que assumem a chefia do Executivo. A próxima viagem do petista está prevista para o próximo dia 3, a Mato Grosso, terra do agronegócio. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa de Lula.
 
O petista, que até o momento priorizou compromissos em estados onde venceu nas eleições de 2022, à exceção de São Paulo, vai desembarcar em território cuja preferência de eleitores no pleito do ano passado foi pelo bolsonarismo. Os compromissos foram, respectivamente, em São Paulo, Roraima, Rio de Janeiro, Bahia e Sergipe. Lula mantém os olhos fitos nas entregas que já ocorreram e nas que irão ocorrer. A chamada “agenda de futuro” – que envolve desde a reestruturação de políticas públicas à diplomacia com países da América do Sul, América do Norte e Ásia – é também prioridade de seu terceiro mandato.
Em Araraquara, Lula prestou solidariedade a vítimas dos danos causados por forte chuva no estado paulista. Em Roraima, a pauta destinou-se especificamente ao conhecimento internacional do desastre humanitário contra os povos yanomamis. A ida ao estado teve como desfecho ações integradas entre ministérios, com entrega de pelo menos quatro toneladas de alimentos a aldeias locais, prioridade da vacinação contra COVID-19 e investigação da gestão Bolsonaro pela Polícia Federal. Na sequência, Lula foi à cidade baiana de Santo Amaro para a entrega de 2.745 unidades do Minha casa, minha vida, que teve sua nomenclatura convertida para Casa verde amarela no governo anterior.
 
Ele anunciou 2 milhões de moradias até 2026. A aposta é potencializar as áreas envolvidas no setor, para além das famílias de baixa renda em todo o Brasil. Em Sergipe, Lula anunciou o reajuste do salário mínimo, que, terá aumento de R$ 18 e passará, a partir de maio próximo, para R$ 1.320. A promessa de isenção de Imposto de Renda a pessoas físicas, dentro da tributária, também foi anunciada. A nova faixa terá o limite de R$ 2.640. O presidente confirmou ainda que o novo Bolsa-Família passa a vigorar em março, a R$ 600, adicionado de R$ 150 a famílias a cada criança com até 6 anos. Houve, ainda, o anúncio do aumento das bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

RESULTADOS

Lula espera que, nos próximos 50 dias, as ações encaminhadas mostrem resultados concretos, como a redução da pobreza e melhoras nos indicadores econômicos. O controle da inflação e da taxa de juros é a área em que tende a haver maior resistência e levar mais tempo para que a população sinta as mudanças no bolso. Uma das investidas do presidente para alcançar apoio, ainda que indireto, na realização de suas promessas foram as críticas no início deste mês ao Banco Central (BC), presidido por Roberto Campos Neto. Lula partiu para cima da inflação e da taxa Selic, esta de grande valia para investimentos do mercado interno e externo no país.
 
Campos Neto é tido como próximo de Bolsonaro. Ambos estão juntos em pelo menos um grupo de WhatsApp. A estratégia rendeu uma promessa de convocação do gestor à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. À reportagem, o ainda presidente da comissão, senador Otto Alencar (PSD-BA), disse que não há data definida, mas que o convite vai ser formalizado após o carnaval. Campos Neto, após as falas do petista, passou a falar em responsabilidade do BC para com a área social.
 
Lula vem também pondo fim a raízes bolsonaristas em seu governo. A exoneração de militares desde os primeiros dias de seu terceiro mandato, sobretudo após 8 de janeiro, é um dos principais marcos. Até o momento, pelo menos 74 nomes das Forças Armadas que estavam à disposição da gestão Bolsonaro foram retirados. Cerca de 55 são só do Exército. Na Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram cerca de 125 exonerações desde 1º de janeiro.
 
No Congresso, o êxito na construção de uma aliança ampla fragilizou a expectativa de oposição forte ao “lulismo”, tanto na Câmara quanto no Senado. Ao lado de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, Lula construiu acordos para celeridade na reforma tributária, incluindo mudanças na âncora fiscal; destinação de emendas parlamentares de R$ 13 milhões a deputados eleitos em 2022, que não foram contemplados via Orçamento com os recursos; e presidências de comissões cruciais, como a de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Dos 23 partidos da Casa, apenas o Novo pode ser visto oficialmente, no momento, como oposição radical ao governo. Deputados do PL, PP e Republicanos têm falado em oposição responsável. Siglas como Podemos ainda não definiram suas estratégias.

PACHECO

Aliado de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, Lula trabalhou pela recondução do parlamentar. Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), selou acordos para a reeleição do senador e arquitetou força-tarefa para desconstruir fake news espalhadas por extremistas contra Pacheco. A costura de Padilha foi feita junto a Paulo Pimenta (PT), ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social.

Pacheco venceu e, assim, também levou por água abaixo as chances de uma oposição radical na Casa. Constituídos como minoria, PL, PP e Republicanos somam 22 senadores, do total de 81. Os senadores Sérgio Moro (União Brasil-PR), Rogério Marinho (PL-RN), Hamilton Mourão (Republicanos-RJ) e Damares Alves (Republicanos-DF) são nomes para manter vivas as críticas a Lula, mas correm o risco de ser alijados pelas suas próprias legendas.




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