A Procuradoria-Geral da República (PGR) recomendou, nesta segunda-feira (27/2), a manutenção da prisão preventiva de Anderson Torres, ex-secretário de segurança pública do Distrito Federal. Em solicitação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a PGR ainda cita a minuta golpista encontrada na casa de Torres e diz que ele não pretendia jogar o documento fora.
“Ao contrário do que o investigado já tentou justificar, não se trata de documento que seria jogado fora, estando, ao revés, muito bem guardado em uma pasta do Governo Federal e junto a outros itens de especial singularidade, como fotos de família e imagem religiosa. A apreensão só foi possível porque ANDERSON GUSTAVO TORRES estava fora do país, retornando apenas no dia 14 de janeiro de 2023”, escreveu o subprocurador-Geral da República Carlos Frederico Santos, que assina o documento.
Leia Mais
Nos EUA, Bolsonaro defende golpistas de 8 de janeiro: 'Chefes de família'Em depoimento, Anderson Torres afirma que minuta ia ser descartadaCappelli sobre Anderson Torres: 'Faltou comando e responsabilidade'Os advogados argumentam que não há motivos que justificassem a prisão e afirmaram que ele estaria disposto a entregar seu passaporte e colocar à disposição da Justiça seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.
Na solicitação encaminhada à Suprema Corte, a PGR aponta que o ex-secretário tinha ciência dos riscos dos atos golpistas. “Ao sair do país, mesmo ciente de que os atos ocorreriam no dia 8 de janeiro, vislumbra-se que ANDERSON GUSTAVO TORRES, deliberadamente, ausentou-se do comando e coordenação das estruturas organicamente supervisionadas pela pasta que titularizava, fator que surge como preponderante para os trágicos desdobramentos dos fatos em comento”, escreveu o órgão.
Segundo o subprocurador Carlos Frederico Santos, “além de não atuar para impedir ou, ao menos, minimizar os danos, o investigado/requerente se colocou em posição deliberada de omissão, não podendo agora se valer disso para buscar uma isenção de responsabilidade”, disse.
Torres está preso desde 14 de janeiro por ordem do ministro Alexandre de Moraes. A Procuradoria disse que as condutas dele foram "omissivas" e demonstraram "absoluta desorganização". “Se ausentou da responsabilidade que lhe competia, de fiscalizar o seu cumprimento e colocá-lo em prática, ao deixar o país", escreveu.