O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (2) que conversará com o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), e que ele deixará o governo se não conseguir provar sua inocência.
O titular da pasta recebeu diárias do governo federal por dias sem agenda de trabalho em São Paulo, São Luís e até no exterior.
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"Já pedi para o ministro Rui Costa convocar ele para segunda-feira para gente ter uma conversa porque ele tem direito de provar sua inocência, mas, se ele não conseguir provar sua inocência, ele não pode ficar no governo. Eu garanto a todo mundo a presunção de inocência."
Juscelino foi indicado para o cargo por seu partido, a União Brasil. O posto foi oferecido para a sigla na busca de Lula por uma base maior no Congresso Nacional.
Em nota, o ministro disse nesta quinta que devolveu diárias de viagens que fez para o Maranhão, seu estado natal, e para São Paulo, nas quais teve poucas agendas e aproveitou para passar o final de semana.
A viagem para o Maranhão ocorreu entre 12 e 16 de janeiro. Já para São Paulo foi entre 26 e 30 do mesmo mês.
Nesse segundo caso, o ministro teve apenas duas agendas oficiais e aproveitou a estadia na capital paulista para participar de um evento relacionado a cavalos Quarto de Milha, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo. Juscelino Filho é criador de animais da raça.
Ele foi para São Paulo e voltou para Brasília em aviões da FAB. Isso aconteceu, segundo o Ministério das Comunicações, porque "o ministro foi a São Paulo (SP) cumprir agenda oficial, de interesse público, conforme divulgado nos meios de comunicação deste ministério".
Na entrevista desta quinta, Lula também tentou minimizar, mais uma vez, o vínculo da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, com a milícia e disse ter uma "gratidão" por ela devido ao apoio recebido nas eleições presidenciais.
A Folha de S.Paulo mostrou que a ministra manteve elo político com o ex-PM Juracy Prudêncio, conhecido como Jura, condenado por comandar uma milícia na Baixada Fluminense, e o ex-vereador Marcio Pagniez, o Marcinho Bombeiro, preso preventivamente sob acusação semelhante.
O mandatário ignorou uma série de vínculos da ministra com a milícia fluminense e afirmou que a relação dela com milicianos se resume a fotos tiradas durante campanha política.
"A Daniela é diferente, a Daniela você pega uma fotografia de alguém em cima de um caminhão com ela em cima do palanque. Você não pode condenar uma pessoa porque está em cima do palanque com alguém indesejável", afirmou.
Lula citou sua relação com a ministra e seu marido, Waguinho, prefeito de Belford Roxo. "Eu tenho gratidão pela Daniela porque a Daniela foi a única deputada da Baixada Fluminense que me apoiou de verdade, ela e o marido dela, e pagaram muito caro com o governo anterior pelo fato de ter me apoiado. Perseguição, xingamento na porta de casa, ele teve que mudar até de cidade para dormir. Então, eu tenho que ter esse respeito e essa consideração", afirmou.
Segundo ele, a ligação com a milícia "não é maior" do que fotografias ao lado de acusados por esse crime, mas, caso seja provado o oposto, ela será demitida.
A ligação entre a campanha da ministra e o miliciano não é apenas uma foto, como sugeriu Lula. Há fotos e vídeos que mostram participação direta do miliciano na campanha de Daniela. Além das caminhadas em conjunto, Jura foi o anfitrião de um comício no qual esteve no palanque ao lado da ministra, que o abraçou ao chegar ao local.
O miliciano também foi chamado de "liderança" por Daniela após uma caminhada de campanha. Ainda compareceu à festa de aniversário do prefeito de Belford Roxo, Waguinho (União Brasil), marido da ministra, após a campanha em 2018.
Jura participou da campanha no período em que cumpria sua pena em regime semiaberto —desde julho de 2017.
A ministra mantém elo político com outros dois outros acusados de chefiar milícia em Belford Roxo (RJ).
Antes de ser nomeada por Lula, Daniela fez campanha no último ano ao lado do vereador Fábio Brasil, o Fabinho Varandão, e de familiares do ex-vereador conhecido como Marcinho Bombeiro. Os dois foram presos em razão das suspeitas.
Respondendo às acusações em liberdade, Varandão compõe desde 2021 o secretariado da Prefeitura de Belford Roxo, comandada por Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho (União Brasil), marido da ministra. Atualmente ele está na pasta de Ciência e Tecnologia.
Marcinho Bombeiro segue preso, mas sua irmã e seu pai também foram nomeados na prefeitura. Os dois também tiveram participação ativa na campanha da ministra no ano passado e foram anfitriões de um comício no bairro em que, segundo o Ministério Público, atuava a chamada Tropa do Marcinho.