Jair Bolsonaro (PL), em discurso no qual buscou inflar os feitos de seu governo e alinhar ainda mais a retórica ao trumpismo, disse neste sábado (4) que, se ainda fosse o presidente do Brasil, o país não teria "esse problema com os navios iranianos".
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Hospedado em Orlando desde 30 de dezembro, Bolsonaro viajou a Washington na sexta-feira (3), para participar do evento, acompanhado do filho Eduardo Bolsonaro. Ele chegou a circular rapidamente na sexta e tirou fotos com alguns apoiadores, quase todos brasileiros, mas também eventualmente alguns americanos que o reconheciam.
Uma caravana de políticos brasileiros acompanha o ex-presidente, como o deputado Mário Frias (ex-secretário da Cultura), Gilson Machado (ex-ministro do Turismo), além do deputado estadual de SP Gil Diniz, do senador Jorge Seif e da deputada federal Julia Zanatta. O empresário Otávio Fakhoury também acompanha o grupo.
Há uma série de brasileiros que também viajaram para acompanhar o discurso do ex-presidente. Os ingressos foram vendidos a US$ 295 (R$ 1.539), mas há categorias especiais cujos preços podem chegar a US$ 30 mil (R$ 157 mil), com direito a encontro e jantar com os palestrantes.
Espécie de meca da ultradireita americana, a CPAC reúne os maiores apoiadores do ex-presidente Donald Trump - e ignora seus desafetos dentro do Partido Republicano.
Figuras emblemáticas da direita trumpista como Donald Trump Jr., filho do ex-presidente, e Steve Bannon, estrategista do ex-mandatário, são algumas das maiores celebridades nos corredores do centro de convenções onde acontece o evento.
Houve também palestras de nomes importantes da direita mundial, como Nigel Farage, figura chave na campanha para retirar o Reino Unido da União Europeia.
Esvaziado na comparação com quando Trump era presidente, fileiras no auditório ficaram vazias durante todos os dias da conferência. A CPAC ignorou o maior adversário de Trump na corrida à Casa Branca no ano que vem, o governador da Flórida, Ron DeSantis.
Outros republicanos de alto escalão, incluindo o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, e o líder da bancada do partido no Senado, Mitch McConnell, também não compareceram.
Há a expectativa de que Bolsonaro se encontre com Trump nos bastidores do evento, embora eles não tenham agenda definida. Trump vai discursar uma hora depois que Bolsonaro deixar o palco.
Bolsonaro e Trump tiveram boa relação no período em que conviveram como presidentes (2019 e 2020), e o republicano chegou a gravar vídeos pedindo votos para o hoje ex-presidente brasileiro nas eleições de 2022. Apesar disso, os dois ainda não se encontraram desde que Bolsonaro chegou aos Estados Unidos.
Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, também participou do evento pela manhã. Em uma mesa com o direitista mexicano Eduardo Verastegui, discutiram "a ameaça vermelha nas Américas".
O deputado federal já organizou três edições paralelas do evento no Brasil, entre 2019 e 2022. Na última, além de representantes da direita brasileira, estiveram presentes o deputado argentino Javier Milei e José Antonio Kast, candidato derrotado na última eleição presidencial do Chile.
Bolsonaro está nos EUA desde 30 de dezembro. Ele viajou para a Flórida antes de terminar o mandato e rompeu a tradição de passar a faixa para seu sucessor, evitando um encontro com o adversário Lula.
Em entrevista ao Wall Street Journal, o ex-presidente afirmou que voltará ao país em março. Sem visto permanente, ele não tem autorização para ficar mais do que 6 meses nos Estados Unidos, segundo um advogado que está lidando com a questão do status do ex-mandatário.
O ex-presidente tem feito palestras para a comunidade brasileira em Orlando e Miami. Recentemente, viajou também aos estados de Oklahoma e Tennessee para participar de eventos.