O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se encontrou com o embaixador da Arábia Saudita Ali Abdullah Bahittam, em Brasília, no mesmo dia em que as joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, que o governo do ex-presidente tentou trazer ao Brasil de forma ilegal, foram enviadas para o Brasil. As joias seriam presentes para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro, de acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo.
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Ex-chefe da Secom: 'Nem Michelle, nem Bolsonaro sabiam dos presentes'Veja fotos das joias que Bolsonaro tentou trazer ilegalmente para o BrasilBolsonaro alegou uso de acervo oficial para reaver joias, diz documentoBolsonaro culpa esquerda pelos atos golpistas: 'Nosso pessoal jamais faria'Em entrevista à NBC, Bolsonaro se recusa a reconhecer derrota nas eleiçõesGoverno quer apuração sobre joias irregulares; Bolsonaro se esquivaRecibo mostra que outro pacote de joias enviado por sauditas a Bolsonaro foi entregue à PresidênciaReceita diz que governo Bolsonaro não seguiu rito para incorporar joias'Michelle podia usar, só não podia se desfazer', diz Bolsonaro sobre joiasNo mesmo dia, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que não participou da viagem, se encontrava com o embaixador da Arábia Saudita. No dia, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-ministro das Relações Exteriores, Carlos França o acompanhavam.
O encontro não estava na agenda pública de Bolsonaro nem na do titular do Itamaraty. A pauta da reunião também não foi divulgada. Contudo, as fotos do encontro foram disponibilizadas no Flickr oficial do Palácio do Planalto e se encontram disponíveis até o momento.
Na época, o jornalista Guga Chacra, colunista do jornal O Globo, informou que um dos temas foi a cobrança de investimentos da ordem de 10 bilhões de dólares prometidos pelos sauditas no Brasil.
Ao comentar as joias avaliadas em R$ 16,5 milhões que o governo Jair Bolsonaro tentou trazer ao Brasil de forma ilegal, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta (PT-RS), relembrou que os presentes foram dados pelo governo da Arábia Saudita no final de 2021, após a Petrobras ter vendido uma refinaria por U$ 1,8 bilhão para um grupo da Arábia Saudita.
Entenda o caso
O governo de Jair Bolsonaro tentou retirar de forma ilegal joias e colares da marca suíça Chopard, estimados em R$ 16,5 milhões e que foram apreendidos pela Receita Federal. Os bens seriam presentes para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro, de acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo.
No dia 26 de outubro de 2021, durante fiscalização em passageiros que desembarcavam em Guarulhos, São Paulo, vindos da Arábia Saudita, agentes da alfândega encontraram na bagagem de Marcos André dos Santos Soeiro, assessor de Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia a época, uma escultura de um cavalo com cerca de 30 centímetros, dourada e com as patas quebradas. Dentro da peça estavam os estojos com as joias e o certificado de autenticidade da empresa suíça.
Para que as peças fossem retiradas, assim como qualquer objeto com valor superior a US$ 1 mil, seria necessário o pagamento do imposto de importação, referente a 50% do valor estimado do item, e mais uma multa de 25% por tentar entrar de forma ilegal no Brasil.
Os bens poderiam ter sido desembarcados como um presente oficial para o presidente da República. Contudo, caso fosse este o meio adotado, seriam do Estado brasileiro e não da primeira-dama ou da família Bolsonaro.
Bento Albuquerque admitiu ao Estadão que trouxe o presente para Michelle, mas afirmou que não sabia do conteúdo do pacote.
"Como era uma joia, a joia não era para o presidente Bolsonaro, né... Deveria ser para a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. E o relógio e essas coisas, que nós vimos depois, deveriam ser para o presidente, como dois embrulhos."