O caso das joias apreendidas pela Receita Federal com um membro da comitiva de Jair Bolsonaro (PL), ganhou um novo episódio nesta quarta-feira (8/3). Um vídeo obtido pelo Blog da Andréia Sadi, da GloboNews, mostra o momento exato em que um enviado do ex-presidente Bolsonaro (PL), tenta pegar o conjunto de joias avaliado em R$ 16,5 milhões no momento que foi apreendido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos (SP).
Bolsonaro embarcar para os Estados Unidos — o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva foi enviado em voo oficial pelo gabinete de Bolsonaro ao Aeroporto de Guarulhos para pegar as joias. A operação, no entanto, não deu certo.
Em 28 de dezembro de 2022 — às vésperas do fim do governo e um dia antes de Imagens do vídeo obtido por Sadi mostram o sargento Jairo chegando ao aeroporto de Guarulhos e mostrando ao auditor um ofício enviado pelo tenente-coronel Mauro Cid, braço-direito de Bolsonaro, ao chefe da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes.
O auditor explica que não pode autorizar a retirada do objeto sem a documentação adequada. O militar insiste e diz que o pedido tem um caráter "de urgência". O servidor resiste à intimidação e encerra a conversa.
A apreensão ocorreu no dia 26 de outubro de 2021, na ocasião, o então ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, que integrava a comitiva do governo de Bolsonaro que foi à Arábia Saudita, tentou reaver as joias, mas sem sucesso. As peças— colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes da marca de luxo suíça Chopard— permaneceram na alfândega da Receita Federal.
O Correio Braziliense entrou em contato com a assessoria da Marinha para ouvir mais detalhes sobre a conduta do sargento. A Marinha se limitou a informar que "o assunto está sendo apurado fora do âmbito da Marinha do Brasil".
Investigação
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pediu que o órgão investigue uso da máquina pública e possíveis descumprimentos das regras pelo poder Executivo no ingresso das joias sauditas ao Brasil.
A manifestação, assinada pelo subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, pontua a necessidade de se apurar a utilização de aeronaves da Força Aérea Brasileira para tratar de interesses pessoais do ex-chefe do Executivo e da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
'Acervo pessoal'
Em entrevista à CNN, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), admitiu que incorporou ao seu acervo pessoal as joias que recebeu do governo saudita. "Não teve nenhuma ilegalidade. Segui a lei, como sempre fiz", disse.
No sábado, Bolsonaro afirmou que estava sendo acusado "de um presente que eu não pedi, nem recebi".