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Estado de Minas DEPUTADOS

Transfobia: Erika Hilton vai enviar notícia-crime ao STF contra Nikolas

Deputada afirmou que vai acionar o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e o STF por causa das falas transfóbicas do parlamentar


09/03/2023 08:07 - atualizado 09/03/2023 09:04

Erika Hilton
Erika Hilton vai acionar o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e o STF por conta das falas transfóbicas do parlamentar (foto: Pablo Valadares / Câmara dos Deputados )
A deputada Erika Hilton, uma mulher trans, anunciou que vai acionar o Conselho de Ética da Casa e entregar notícia-crime - comunicação de um crime à autoridade responsável - ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado mineiro Nikolas Ferreira (PL-MG) por falas transfóbicas em discurso na Câmara dos Deputados. A revelação foi feita depois de a deputada Tábata Amaral (PSB-SP) afirmar que, juntamente com outros parlamentares, entrou com pedido de cassação do mandato do parlamentar.

 

"A estratégia dos bolsonaristas e transfóbicos é antiga: usam nossas vidas de escada para se construir", lamentou a deputada. O pronunciamento da parlamentar foi divulgado logo após o discurso com teor transfóbico feito por Nikolas Ferreira em plenário na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (8/3).
 
 
 
No discurso, o deputado afirmou que os parlamentares de esquerda só dariam espaço para ele falar no Dia da Mulher caso ele fosse do sexo feminino e, por isso, ele vestiu uma peruca loira e se denominou como "deputada Nicole". "Hoje é o Dia Internacional das Mulheres, a esquerda disse que eu não poderia falar pois eu não estava no meu local de fala. Então eu solucionei esse problema aqui. Hoje eu me sinto mulher. Deputada Nicole", debochou.

O deputado ainda disse que as mulheres estão perdendo espaço para "homens que se sentem mulheres", que querem "colocar uma imposição de uma realidade que não é a realidade". O Correio entrou em contato com a assessoria do deputado Nikolas Ferreira, para comentar sobre o pedido de cassação, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações. 
 
 

Duda: punição por quebra de decoro

Outra deputada trans eleita nas últimas eleições, de 2022, e que, junto com Erika Hilton, foram as primeira a ocupar um cargo na Câmara dos Deputados, também se pronunciou contra as falas com teor preconceituoso proferidas por Nikolas Ferreiras.

Nas redes sociais, a parlamentar informou que entrou, nessa quarta-feira (8/3), com uma representação contra o deputado, para que ele "seja punido por quebra de decoro parlamentar". "A deputada federal mais votada da história de Minas Gerais é uma travesti. A vereadora mais votada da história de Belo Horizonte é uma travesti. Temos duas travestis aqui (Câmara dos Deputados). Somos as primeiras de muitas. Sigamos com muito amor e poesia", rebateu Duda na tribuna do parlamento.
 
 

Repúdio de Tábata Amaral 

Logo após Nikolas Ferreira concluir o discurso, a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) subiu à tribuna e condenou as falas transfóbicas do parlamentar. "Estamos falando de um homem, que no Dia Internacional das Mulheres, tirou o nosso tempo de fala, para trazer uma fala preconceituosa, criminosa, absurda e nojenta", repudiou.

"Eu, ao lado da bancada do PSB e de muitos outros parlamentares, estou, neste momento, entrando com um pedido de cassação do mandato do deputado Nikolas Ferreira", garantiu Tabata, que convidou outros deputados a se somarem no pedido.

A deputada, ao criticar as falas do deputado, lembrou que discursos como os de Nikolas reforçam o preconceito contra pessoas transsexuais. "A transfobia ultrapassa a liberdade de discurso, que é garantida pela imunidade parlamentar. Transfobia é crime no Brasil", declarou. "O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo. Quando você faz uma fala criminosa como essa, você coloca a fala de todas nós em risco. Essa é a casa do povo, não dá para fingir que nada aconteceu", reforçou.

Depois da iniciativa de Tabata, outras deputadas se juntaram ao movimento e endossaram tanto o pedido de cassação, quanto a notícia-crime e o acionamento do conselho de Ética. "Em pleno 8 de março esse sujeito acha que pode cometer crimes e sair impune. Não Passará", assegurou Sâmia Bonfim (Psol-SP).
 
 
 
 

O que é homofobia?

A palavra “homo” vem do grego antigo homos, que significa igual, e “fobia”, que significa medo ou aversão. Em definição, a homofobia é uma “aversão irreprimível, repugnância, medo, ódio e preconceito” contra casais do mesmo sexo, no caso, homossexuais.

Entretanto, a comunidade LGBTQIA+ engloba mais sexualidades e identidades de gênero. Assim, o termo LGBTQIA fobia é definida como “medo, fobia, aversão irreprimível, repugnância e preconceito” contra lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, não-bináres, queers (que é toda pessoa que não se encaixa no padrão cis-hetero normativo), itersexo, assexual, entre outras siglas.

A LGBTQIA fobia e a homofobia resultam em agressões físicas, morais e psicológicas contra pessoas LGBTQIA .

Homossexualidade não é doença

Desde 17 de maio de 1990, a a Organização Mundial da Saúde (OMS) excluiu homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças (CID). Antes desta data, o amor entre pessoas do mesmos sexo era chamado de "homossexualismo”, com o sufixo “ismo”, e era considerado um “transtorno mental”.

O que diz a legislação?

Atos LGBTQIA fobicos são considerados crime no Brasil. Entretanto, não há uma lei exclusiva para crimes homofóbicos.

Em 2019, após uma Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO 26), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os crimes LGBTQIA devem ser "equiparados ao racismo". Assim, os crimes LGBTQIA fobicos são julgados pela Lei do Racismo (Lei 7.716, de 1989) e podem ter pena de até 5 anos de prisão.

O que decidiu o STF sobre casos de LGBTQIA+fobia

  • "Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito" em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime
  • A pena será de um a três anos, além de multa
  • Se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa

Criminalização no Brasil

Há um Projeto de Lei (PL) que visa criminalizar o preconceito contra pessoas LGBTQIA no Brasil. Mas, em 2015, o Projeto de Lei 122, de 2006, PLC 122/2006 ou PL 122, foi arquivado e ainda não tem previsão de ser reaberto no Congresso.

Desde 2011, o casamento homossexual é legalizado no Brasil. Além disso, dois anos mais tarde, em 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou e regulamentou o casamento civil LGBTQIA no Brasil.

Direitos reconhecidos

Assim, os casais homossexuais têm os mesmos “direitos e deveres que um casal heterossexual no país, podendo se casar em qualquer cartório brasileiro, mudar o sobrenome, adotar filhos e ter participação na herança do cônjuge”. Além disso, os casais LGBTQIA podem mudar o status civil para ‘casado’ ou ‘casada’.

Caso um cartório recuse realizar casamentos entre pessoas LGBTQIA , os responsáveis podem ser punidos.

Leia mais: Mesmo com decisão do STF, barreiras impedem a criminalização da LGBTQIA fobia

Como denunciar casos de LGBTQIA+fobia?

As denúncias de LGBTQIA fobia podem ser feitas pelo número 190 (Polícia Militar) e pelo Disque 100 (Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos).

aplicativo Oi Advogado, que ajuda a conectar pessoas a advogados, criou uma ferramenta que localiza profissionais especializados em denunciar crimes de homofobia.

Para casos de LGBTQIA fobia online, seja em páginas na internet ou redes sociais, você pode denunciar no portal da Safernet.

Além disso, também é possível denunciar o crime por meio do aplicativo e do site Todxs, que conscientiza sobre os direitos e apoia pessoas da comunidade LGBTQIA .
 


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