A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) se reuniu, nesta quinta-feira (9/3), com o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Alexandre Padilha (PT) para que o governo federal fortaleça o enfrentamento do discurso de ódio e que sejam realizadas campanhas educativas para conscientizar a população.
Ela deve se reunir na sexta-feira (10/3) com os também ministros Sílvio Almeida, dos Direitos Humanos, e Flávio Dino (PSB-MA), da Justiça, para tratar de medidas e punições contra o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) por sua de teor transfóbico realizada nessa quarta-feira (8/3).
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A reunião com os outros ministros tem como objetivo, segundo a deputada, "trazer o Executivo para esta luta em defesa da democracia".Por fim ela afirmou que "não existe democracia onde há intolerância".
Notícia-crime
Duda Salabert afirmou que entrou no Supremo Tribunal Federal com uma notícia-crime para que o "parlamentar responda criminalmente pelas suas falas. Nós entendemos que imunidade parlamentar não blinda nenhum deputado de ato criminoso".
Em nota enviada à imprensa, o parlamentar mineiro alegou que "não houve, em momento algum da fala, o crime de transfobia ou discurso de ódio, mas sim o direito constitucional do parlamentar em expressar sua opinião sobre um determinado tema".
Duda afirmou que também foi debatido, na reunião com Padilha, um comprometimento do governo federal para uma punição para o deputado bolsonarista "a fim de criar uma atmosfera para evitar que episódios como aquele se repliquem nesta legislatura".
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"A gente entende que não dá para usar episódios anteriores pra interpretar a questão do Nikolas. Nós estamos em outro contexto no Brasil, em outra conjuntura, o povo já se manifestou nas urnas por um anseio de uma outra política, que não seja uma política de ódio, violência e intolerância que foi praticada nos últimos quatro anos", analisou a parlamentar sobre a fala do apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
A reprimenda do presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) foi vista pela pedetista como um sinal de que é possível que Nikolas Ferreira tenha uma punição mais severa.
"O próprio Arthur Lira quando se manifestou, em suas redes sociais, contrário ao que o Nikolas fez, a gente entende que essa posição reverbera no parlamento. Acredito que sim, que há chance de uma punição mais severa. A violência não foi só contra mim, contra as parlamentares trans, não foi só contra as mulheres, foi contra o Parlamento e contra a política", afirmou.