Jornal Estado de Minas

ENTREVISTA

Fuad Noman: 'Quero que as obras de BH sejam reconhecidas pela população'

Há um ano, na primeira entrevista exclusiva que concedeu ao Estado de Minas, depois que assumiu a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), Fuad Noman (PSD) afirmou que um dos principais objetivos era aumentar seu nível de conhecimento na população. Ele recalculou a rota e, agora, diz que o importante é deixar um "legado" de obras à cidade. Ontem, em nova entrevista exclusiva ao EM, Fuad falou sobre o desejo de desafogar o trânsito da cidade. No vocabulário, palavras como "melhorar" e "simplificar". Para isso, três novos viadutos no eixo da Avenida Cristiano Machado estão no radar.



"Quero que as obras de Belo Horizonte sejam reconhecidas pela população. Se falarem 'foi o prefeito Fuad que fez', vou ficar muito feliz. E se falarem 'resolveu meu problema de encosta que ia cair', 'resolveu o problema de drenagem que inundava tudo', 'resolveu o problema do campo de futebol que estava arrebentado' ou 'resolveu o problema do transporte' vou ficar feliz", garante.

Para as intervenções na cidade, o prefeito se ampara no relacionamento com o governador Romeu Zema (Novo), o qual classifica como "muito bom", e no diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Anteontem, o pessedista esteve em Brasília (DF) e se encontrou com Lula, a quem elogiou no Twitter. O afago, segundo ele, tem explicação.

"O presidente nos acolheu. Ficamos quatro anos sem poder ir a Brasília, pois não éramos recebidos por ninguém. O mapa da sala do (então) presidente (Jair Bolsonaro) tinha um buraco negro onde fica Belo Horizonte", critica. Os problemas para a duplicação do Anel Rodoviário, cujos trâmites voltaram à estaca zero, aliás, são atribuídos por Fuad à gestão de Bolsonaro.



A versão em vídeo da entrevista pode ser assistida no canal do Portal Uai no YouTube.



BH ainda sofre com questões ligadas ao trânsito, como os engarrafamentos. Há, em curto prazo, algum projeto para resolver esse problema?
No eixo da avenida Cristiano Machado, faremos três viadutos - já começamos um deles - para melhorar muito o trânsito, principalmente para o transporte coletivo. Um na avenida Waldomiro Lobo, outro na avenida Sebastião de Brito e o terceiro na frente do Shopping Estação, perto da igreja (a Catedral Cristo-Rei). No Shopping, o projeto está sendo concluído. Vamos fazer duas trincheiras de modo que, quem vai ou vem direto, sem o interesse de parar, não precise parar nos semáforos. É o projeto mais atrasado, pois é o mais complexo.

A obra na Waldomiro Lobo já começou, e estamos fazendo algumas desapropriações. Os viadutos vão facilitar o trânsito. Na Sebastião de Brito, a licitação já tem vencedor, e vamos começar a obra muito rapidamente. São três projetos que vão dar aos trabalhadores que pegam ônibus ou usam o carro mais 20 minutos em casa. O objetivo é reduzir, em 20 minutos, o trajeto da Cidade Administrativa ao Centro de BH.

E para outros corredores?
Outro projeto em andamento é o corredor (de ônibus) da avenida Amazonas. Conseguimos fechar um empréstimo de US$ 100 milhões com o Banco Mundial para fazermos o corredor da Amazonas e a urbanização da Cabana do Pai Tomás. O projeto da Cabana está pronto, e vamos começar a obra; o da Amazonas está em elaboração. O corredor vai simplificar o trânsito daquela região. Precisamos de um acerto com as outras cidades em volta, porque o corredor da Amazonas perpassa Belo Horizonte. Conversamos com o governador (Romeu Zema) e estamos conversando com as outras prefeituras relacionadas para fazermos ali um acordo que resolva o problema de Belo Horizonte sem criar problemas a Contagem ou a outras cidades. É fazer uma interligação ou coisa do tipo.



O que será feito de urbanização no bairro Cabana?
O Cabana hoje não tem muitas saídas. Vamos abrir saídas, criar ruas mais adequadas e áreas para as pessoas terem uma vida melhor. O projeto está pronto. Vamos começar abrindo uma via no fundo (do bairro). Várias obras serão feitas lá. O empréstimo está fechado; o contrato, assinado. O dinheiro só não está no caixa porque, à medida que vamos fazendo, eles vão liberando. Agora, é licitar a obra e começar a fazer.

Dentro do programa de revitalização do Centro, estamos fazendo a revitalização da avenida Afonso Pena. Vamos melhorar muito o fluxo de trânsito por lá. Há duas ideias, o projeto ainda não está pronto. Uma delas é tirar os ônibus de lá. Mas acho mais difícil fazer isso. Vamos também criar um corredor, fazer ciclovia e criar áreas para os carros passarem. Há uma série de obras para melhorar o trânsito. Mas, lamentavelmente, você só melhora o trânsito se aumentar muito a frequência do transporte coletivo. As pessoas andam muito de carro porque o transporte é ruim.

A Câmara de BH acabou de aprovar um novo sistema de pagamento para o transporte coletivo. Esperamos que isso reduza muito o tempo entre os ônibus, os passageiros em pé e melhore a condição dos ônibus. Lógico que não vai acontecer da noite para o dia. É um processo. Estamos elaborando também um bicicletário nos terminais de ônibus. Por exemplo: na Pampulha. As pessoas que moram a um ou dois quilômetros do terminal, não têm condições de chegar - a não ser a pé. Então, quem tem bicicleta viria conduzindo-a, trancaria a bicicleta e pegaria o ônibus para o Centro. Na volta, pega a bicicleta e vai para a casa.



É possível adiantar os termos do projeto de retirada dos ônibus da Afonso Pena?
É muito embrionário. A Afonso Pena é muito importante e muito cheia de ônibus. Se conseguíssemos tirar pelo menos alguns deles, jogando-os para outras ruas... Mas acho muito difícil fazer isso a curto prazo. As ruas em volta não são muito abertas. Mas quem sabe a gente não consegue no futuro?
O projeto que limita a compra de passagens a meios como o cartão de ônibus e os pagamentos por aproximação dá 90 dias para a extinção do uso de dinheiro físico nos coletivos. Não é um prazo muito curto para a população se acostumar?
Entre 80% e 85% dos pagamentos em ônibus são feitos por esses outros modelos. Menos de 15% dos pagamentos são feitos nos ônibus. Temos de educar apenas esse grupo. Toda mudança gera, primeiro, uma reação, que vai se acomodando a longo prazo. Não vamos criar problemas ao usuário, mas orientá-los. Com a evolução do transporte, o cobrador já não é figura muito importante no sistema de pagamento. E, se eu não tenho cobrador, o motorista cobra, para, desvia a atenção e atrasa o ônibus. Isso gera a ele um trabalho adicional. Ele tem um ganho por isso, mas causa atraso ao ônibus. Desse jeito, entendemos que vamos facilitar e agilizar o transporte coletivo. O objetivo é dar ao passageiro um transporte mais rápido.

O que o senhor gosta de ver ao andar pelas ruas de BH e o que o senhor tem vergonha de observar?
Belo Horizonte é uma cidade muito agradável. Gosto de ver e de andar por BH. Eu me lembro de andar pela cidade na juventude, e hoje muita coisa atrapalha. Gosto muito da alegria e da felicidade das pessoas de BH. Por isso, o slogan da prefeitura é 'Trabalhando por uma cidade mais feliz'. O belo-horizontino recebe bem, acolhe as pessoas e é agradável, tranquilo. É meu grande orgulho, pois também sou assim.

Me entristece muito ver a sujeira das pichações desnecessárias, as lojas malcuidadas e, às vezes, pistas com pinturas malfeitas. A Afonso Pena é a grande imagem da cidade. Passar por lá e ver essas coisas dá dó. Por isso, estamos fazendo o programa de revitalização do Centro, em parceria com as associações comerciais. Queremos reformar os prédios abandonados para que virem habitações decentes.



A Lagoinha ainda está muito degradada, com presença de pessoas em situação de rua e consumo de drogas. Qual a saída para o bairro?
O projeto de revitalização do Centro é um pouco mais amplo, pois vai pegar o Barro Preto e a Lagoinha. Vamos criar condições para que as pessoas possam usar a Lagoinha. Primeiro, dar uma solução às pessoas em situação de rua. Depois, criar parques e áreas de convivência, além de uma passarela que saia da Afonso Pena até a Lagoinha. Seria uma passarela larga, com comércio de flores e outras possibilidades. Belo Horizonte mais bonita, com mais árvores e mais flores, é mais feliz.

Ainda há o projeto de tirar o Terminal Rodoviário do Centro da cidade?
Tínhamos um projeto, de uma parceria público-privada (PPP), para fazer a rodoviária perto do Bairro São Gabriel. O terreno está lá. Mas o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), dono do Anel Rodoviário, diz que só pode permitir colocar a frota de ônibus por lá quando ele duplicar o Anel. (Se) não duplica, não consigo fazer. Ontem (anteontem), no Dnit, tive uma notícia ruim. Foi a única coisa ruim da viagem a Brasília. O Anel Rodoviário, que estava no projeto de PPP (para a BR-040) da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), foi tirado.

O Dnit fez um contrato, em 2021, com uma empresa, para fazer um projeto de duplicação. A empresa não fez, e eles estão, agora, desfazendo o contrato. Depois que o contrato for desfeito, vão fazer uma outra licitação, e a expectativa de o projeto ficar pronto é (entre) 30 e 36 meses. Me perguntaram (no Dnit) se a prefeitura não queria pegar o Anel. Falei: 'Você me dá o dinheiro para fazer a reforma? Custa R$ 1 bilhão'. Eles responderam: 'O estado recebeu muito dinheiro da Vale. Peça para que coloquem (recursos no Anel)'. Minas Gerais tem o estado inteiro para cuidar. Estou falando de Belo Horizonte. Saí de Brasília muito satisfeito, mas o Anel me deixou com dor no coração.



Por que os trâmites para a duplicação no Anel Rodoviário retrocederam?
A empresa (contratada para desenvolver o projeto) não performou. No projeto da ANTT, fizeram um plano de negócios, e, quando o Anel entra, o plano de negócios desanima muito o pessoal. Pedi uma reunião com a ANTT, vou lá chorar as mágoas e dizer: 'Espera aí, não façam isso com a gente'. Não sei se resolvo, mas vou lá.

Quando falou da Lagoinha, o senhor citou as pessoas em situação de rua. A PBH e a UFMG chegaram a desenvolver um censo para entender o que levou essas pessoas às ruas. Já há resultados da pesquisa?
Na segunda-feira (20/3), na prefeitura, vou dar uma entrevista coletiva sobre o programa de atendimento aos moradores em situação de rua. A UFMG terminou a pesquisa, e identificamos os problemas. Estamos tratando das políticas para cada caso e vamos apresentá-las na segunda. Tirá-los da rua não é tarefa fácil no mundo inteiro, principalmente porque essas pessoas precisam, antes de tudo, de serem cuidadas.

Trinta e dois por cento deles têm problemas dentários e não conseguem atendimento. Há pessoas com tuberculose, várias mães sem pós-natal e o pré-natal e crianças em situação de dificuldade. Estamos encontrando jeitos de tratar deles, com programas para levá-los a lugares mais adequados. Eles precisam ter a dignidade respeitada. São cidadãos. Muitos estão em dificuldades porque a pandemia levou. Temos de atendê-los com respeito.



O PSD, partido do senhor, passou a compor a base aliada a Zema na Assembleia Legislativa. Esse apoio pode fazer com que o governo do estado passe a ver, com mais atenção, as demandas de BH?
Nunca tivemos problema com o governador. Pelo contrário. O relacionamento com ele é muito bom. Na segunda-feira, Zema almoçou na prefeitura comigo. Fizemos uma parceria com o governador para a contenção do Córrego do Ferrugem: Contagem, BH e o governo estadual. Zema liberou quase R$ 80 milhões a BH para fazermos uma área de contenção da bacia do Ferrugem e acabar com as enchentes na Avenida Teresa Cristina. Contagem recebeu também uma parte dos recursos para acabar com os problemas de lá. A obra já está em andamento.

Fechamos, agora, BH e Contagem, um contrato com a Copasa, sob orientação do governador, para conter o esgoto que vem para a Lagoa da Pampulha. A Copasa vai colocar uma verba importante, oriunda do acerto da prefeitura com o governador. Zema tem liberado uma série de recursos para a saúde em Belo Horizonte. Não tenho nenhum problema com ele. Nós nos relacionamos muito bem. Fui lá (na Cidade Administrativa) algumas vezes e o convidei para almoçar na prefeitura. Levei problemas a ele, e, no dia seguinte, me mandou uma mensagem com respostas de questões que eu havia pedido.

Ele saiu em apoio à prefeitura antes da decisão do governo federal (sobre o Aeroporto Carlos Prates). No governo passado, de (Alexandre) Kalil, eles tinham uma discussão política, de campanha. Um era candidato contra o outro. Aí, é natural que haja (tensionamentos). Não sou candidato a nada; então, vamos trabalhar.



O que o senhor quer dizer quando afirma que não é candidato a nada? Não tem eleição nenhuma agora.
Ontem (anteontem), me candidatei a vice-presidente do Sudeste da Frente Nacional de Prefeitos (FNP). O governo que pensa em reeleição não governa. Tenho uma cidade para governar, cheia de problemas e de propostas de soluções. Vou fazer isso. O povo não está pensando em eleição agora. Quem está pensando em eleição agora é a imprensa e algumas pessoas que se arvoram. O povo só vai pensar nisso lá na frente. Eu, agora, tenho de trabalhar pela cidade. É o que precisa ser feito. Lá na frente, vou avaliar.

O povo não bate à minha porta perguntando como será a eleição. Batem à minha porta perguntando sobre postos de saúde e escolas. É com isso que estão preocupados.

O senhor apareceu com 6% nos cenários da pesquisa para prefeito de BH feita pelo Instituto Paraná desta semana.
Gostei muito mais da avaliação da prefeitura estar alta (na pesquisa) do que da minha. O que importa, para mim, é a prefeitura estar prestando serviços à sociedade. Não estou governando para ser prefeito eterno da cidade. Não tenho vergonha de ter me candidatado ou de, eventualmente, me candidatar, caso seja necessário. Mas não estou preocupado com isso.



Então o senhor não crava que vai, ou não, disputar a eleição de 2024?
Nem posso cravar. Se eu parar para pensar em eleição, não estava aqui contando o que tenho feito, mas fazendo campanha. Eleição é um assunto que só vai interessar quando o povo estiver preocupado com ela.

Há quem diga que o PT do presidente Lula não terá candidato a prefeito de BH, mas indicaria o vice em sua chapa. Isso procede?
Estive ontem (anteontem) com o presidente, e ele não falou nada disso.

Mas o senhor elogiou muito o presidente no Twitter.
Tenho de elogiar. O presidente nos acolheu. Ficamos quatro anos sem poder ir a Brasília, pois não éramos recebidos por ninguém. O mapa da sala do presidente (Jair Bolsonaro) tinha um buraco negro onde fica Belo Horizonte. Ele não fez nada. O fato de a ANTT tirar o Anel Rodoviário (da licitação da BR-040) não foi deste governo, mas do governo passado. Belo Horizonte não existia.



Quando o presidente Lula se candidatou e veio a BH pedir nosso apoio, disse a ele que Belo Horizonte tem muitos problemas e que fomos abandonados. Há o Anel e o metrô. Ele disse: 'Não posso prometer nada, primeiro, porque não me elegi. Segundo, porque há muitas coisas de muitos estados e muitas prefeituras. Teremos de avaliar cada caso. A única coisa que posso dizer é que Belo Horizonte será com carinho e respeito pelo presidente e pelo governo federal'. Falei a Lula que só queria isso.

Neste ano, em três meses e meio, já falei com cinco ministros e vários secretários-gerais. Já consegui coisas que não havia conseguido nenhuma vez. Tenho de elogiá-lo.

O prefeito não pode ter convicções pessoais. Sou atleticano, mas não sou o prefeito só dos atleticanos. Quero que o Cruzeiro se erga, pois metade da população é cruzeirense e a quero feliz. O Fuad é atleticano, mas o prefeito é desportista pela cidade. Isso vale para a política também.

Um ano atrás, o senhor disse ao Estado de Minas que um de seus desafios era ser conhecido pelo povo. O senhor é conhecido como gostaria?
Nada. Mudei de opinião. Quero que as obras de Belo Horizonte sejam reconhecidas pela população. Se falarem 'foi o prefeito Fuad que fez', vou ficar muito feliz. Se se falarem 'resolveu meu problema de encosta que ia cair', 'resolveu o problema de drenagem que inundava tudo', 'resolveu o problema do campo de futebol que estava arrebentado' ou 'resolveu o problema do transporte', vou ficar feliz. Isso é o que quero. É o legado que quero deixar à cidade.



Sabe-se que o Atlético tentou negociar com a prefeitura parte das contrapartidas pela construção da Arena MRV. Em que pé estão essas conversas?
Não tem nenhuma pendência do Atlético com a prefeitura. Está tudo resolvido. As obras da Arena estão um pouco atrasadas, mas não é por causa da prefeitura. Nenhum obstáculo. Eles têm uma série de obras estabelecidas como contrapartidas. Vamos conversar sobre todas elas. A primeira coisa que precisamos fazer é o seguinte: as obras para acesso ao campo têm de estar prontas antes de o campo ser inaugurado. É uma responsabilidade deles, que estão de pleno acordo com isso.

Para as outras obras, não há muita pressa. Tem de plantar 46 mil árvores, mas em vez de plantar em um ano, planta-se em dez. Não tem importância. Tenho reuniões permanentes, com Bruno (Muzzi), CEO da Arena (e do Atlético), com o presidente Sérgio Coelho e os membros do Conselho, os quatro 'Rs' (Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador). Ao menos dois têm ido. A prefeitura está absolutamente de acordo em fazer as coisas que resolvam o problema da Arena sem criar nenhum tipo de constrangimento, desde que isso não afete a lei ou algum regulamento que eu tenha de romper - porque não vou fazer isso - e não tem. Se eles quiserem recorrer de alguma coisa e isso for ao Conselho Municipal de Política Urbana (Compur), que aprovou, e o Compur eventualmente mudar, não é problema da prefeitura.

Não temos nenhum problema com o Atlético - e, se o campo fosse do Cruzeiro, não teríamos nenhum problema. Já recebemos o Cruzeiro várias vezes para encontrar soluções a problemas que apresentaram. O América não tem muito problema - é o time mais 'arrumadinho' nessa parte aqui. Mas se (Marcus) Salum (presidente) quiser conversar comigo, terei muito prazer. Gosto muito dele. A prefeitura é de todos. Não é do prefeito; é da cidade, da população. Todo mundo precisa da atenção do prefeito.



O projeto que a prefeitura propõe reduz o valor cobrado para as construções dentro da avenida do Contorno de prédios acima do limite. É a chamada Outorga Onerosa. A prefeitura diz que isso vai aumentar a arrecadação, mas alguns movimentos afirmam que, além do valor diminuir, o tamanho dos prédios vai aumentar e provocar uma série de outros problemas na área central. O que o senhor tem a dizer?
As pessoas não entenderam o que fizemos. O Plano Diretor diz que tem de ter uma outorga, que está mantida. Só aceitei fazer isso depois que a Câmara retirou o projeto que mudava os oito anos (de prazo mínimo) do plano. A outorga começou a vigorar em 2021. Ela cobrava 0,37 - ou seja: R$ 370. De 2019 a 5 de fevereiro de 2023, arrecadamos R$ 2 milhões com isso. Ou seja: nada. De 5 de fevereiro para cá, passou para 0,5 - ou R$ 500. Arrecadamos R$ 0 até agora. Existe uma concorrência entre as outorgas e as Transferências do Direito de Construir (TDCs), que as pessoas têm. A outorga é mais barata.

Simplificando: há duas lojas que vendem pastel. Uma vende pastéis bons e gostosos a R$ 1; a outra, os mesmos pastéis, bons e gostosos a R$ 2. Qual você compra? O de R$ 2 vai quebrar. É o que aconteceu com a prefeitura até agora. Estamos baixando (a outorga), sim, para ser competitivo, vender e arrecadar dinheiro para fazer casa popular.

'Ah, mas vai adensar a cidade'. O índice de ocupação é 2,7. O plano diretor baixou para 1, permitindo a volta da elevação. Temos pouquíssimos terrenos na área da Contorno onde isso pode ser feito. Vi um movimento feito na porta da Câmara; as pessoas estão fazendo isso sem entender o que está acontecendo. Um dia desses me falaram que vai tirar os benefícios de quem tem as TDCs. Não é tirar o benefício, mas competir em igualdade de condições. Mas o que é melhor: arrecadar dinheiro para fazer casas populares ou deixar que o dono de uma casa tombada receba recursos e fique com eles? A prefeitura tem de trabalhar em favor da comunidade. É o que estamos fazendo.



Antes de reagir, as pessoas precisam entender. Acho que os vereadores têm entendido a nossa posição, mas sempre vai ter o pessoal que critica. Tudo criticam. Abri o Parque Municipal das 7h às 21h. Está todo mundo achando bom, mas alguns me criticaram.

Por que as críticas à extensão dos horários do parque?
Falaram que vai haver assassinatos, mas não viram que tripliquei a segurança. Falaram que está tudo escuro, mas não viram que coloquei iluminação completa. 'Ah, mas para gastar mais dinheiro com luz?'. O parque é nosso, a cidade é nossa, é para a gente usar. No primeiro dia (da extensão), um órgão de imprensa mostrou meninos jogando basquete. As aulas deles terminam às 18h e estavam desesperados porque não tinham quadra para alugar e jogar basquete. Agora podem jogar.