Galvão Bueno faz sua estreia em transmissões pelo YouTube neste sábado (25/3), dia de amistoso da Seleção Brasileira contra o Marrocos, no país do norte africano. Em seu próprio canal, o narrador se manifestou emocionado após a execução do Hino Nacional do Brasil a respeito do pertencimento simbólico da camisa canarinho.
“O verde e amarelo é sempre bonito em todas as partes do mundo. Como é bom transmitir um jogo da Seleção Brasileira, seja em qualquer circunstância. Volto a repetir, somos todos brasileiros, somos um só país. Essa camisa pertence a todos, pertence a todo mundo”, disse Galvão.
Embora não tenha feito alusão direta à política, a camisa amarela da Seleção está no centro do debate semiótico do país, ao menos, desde as manifestações pela destituição de Dilma Rousseff, que se concretizou em 2016.
O episódio associou o uso não apenas da indumentária da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), como de bandeiras nacionais e das cores verde e amarela à movimentos de oposição aos governos petistas e manifestações de direita e extrema-direita.
Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), por exemplo, tornaram o uso das cores um elemento central de sua identificação simbólica. O próprio ex-presidente citou diversas vezes a presença do verde e amarelo em manifestações populares como um êxito de seu governo.
Horas após a constatação de sua vitória na eleição presidencial do ano passado, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se mostrou disposto a encarar a luta pela ressignificação do verde e amarelo com discurso parecido com o de Galvão Bueno: “esse verde-amarelo e essa bandeira que não pertencem a ninguém, a não ser ao povo brasileiro”, disse o petista em fala de agradecimento.
No período eleitoral do ano passado, Galvão evitou manifestar preferência entre os candidatos que polarizaram o pleito. Uma imagem do narrador fazendo a letra ‘L’ com os dedos durante um festival de vinhos, no entanto, levantou questionamentos e provocou uma resposta: "não reparei. Depois, a Desirée (esposa de Galvão) me falou que tinha dado essa impressão. Não foi proposital, mas não me incomodo, porque sou um democrata, lutei contra a ditadura militar, fui ativo no movimento estudantil de 1968. Então, não me incomoda que tenha parecido intencional", disse à época..
Após mais de quatro décadas narrando na Rede Globo, Galvão Bueno fez sua última transmissão na emissora na final da Copa do Mundo do Catar, vencida pelos argentinos. Para a primeira jornada em seu próprio canal do YouTube ele se cercou de nomes que o acompanharam durante a carreira, como o ex-jogador Walter Casagrande. O ex-árbitro Arnaldo Cézar Coelho e o repórter Tino Marcos também foram escalados para o jogo, mas viraram ausência de última hora.