O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu um terceiro pacote de joias dadas pelo governo da Arábia Saudita e as levou para seu acervo pessoal. Conforme revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, diferentemente dos outros presentes, este foi recebido em mãos pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, durante uma comitiva a Doha, no Catar, e em Riade, na Arábia Saudita, entre os dias 28 e 30 de outubro de 2019.
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Fora o relógio, os demais itens somam, no mínimo, R$ 200 mil, se comparados a peças similares.
Joias foram para o acervo pessoal
Conforme a apuração do Estadão, o ex-presidente Jair Bolsonaro retornou da comitiva para o Brasil com o conjunto de joias e deu ordens para que os itens fossem incorporados ao seu acervo privado.
Um documento do Gabinete Ajunto de Documentação Histórica da Presidência afirma que Bolsonaro recebeu o presente pessoalmente. No dia 8 de novembro de 2019, um formulário de encaminhamento de presentes para o então presidente Jair Bolsonaro foi preenchido, especificando cada item do pacote de joias.
Na parte inferior do formulário há uma pergunta que questiona se "houve intermediário no trâmite". A resposta é: "não". Uma segunda pergunta questiona se o presente foi "visualizado pelo presidente". A resposta é: "sim".
Presente em mãos
Já no dia 6 de junho de 2022 - um ano e meio depois -, Jair Bolsonaro deu ordens para ter o conjunto em mãos. Na ocasião, foi registrado pelo sistema da Presidência que os itens foram "encaminhados ao gabinete do presidente Jair Bolsonaro". No dia 8 de junho, as joias ja se encontravam "sob a guarda do Presidente da República", conforme registros oficiais.
Outras joias
Outros dois pacotes de joias foram dados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em outubro de 2021, a comitiva do governo Bolsonaro tentou trazer ilegalmente presentes dados por sauditas. Na ocasião, os bens não foram declarados pela comitiva liderada pelo então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque e a caixa de presentes, estimada em R$ 1 milhão, passou pela alfândega.
Já o segundo pacote de joias foi retido pela Receita Federal. No dia 26 de outubro daquele ano, durante fiscalização de passageiros que desembarcavam em Guarulhos (SP), vindos da Arábia Saudita, agentes da alfândega encontraram na bagagem de Marcos André dos Santos Soeiro, assessor de Bento Albuquerque, uma escultura de um cavalo com cerca de 30 centímetros, dourada, com as patas quebradas. Dentro da peça estavam os estojos com as joias e o certificado de autenticidade da empresa suíça Chopard.
Este segundo conjunto foi estimado em cerca de R$ 16,5 milhões e seriam, supostamente, presentes para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro. Após a repercussão do caso, Michelle negou ter conhecimento das joias.
Na última semana, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro entregou o pacote de joias à Caixa Econômica Federal, conforme determinado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).