Jornal Estado de Minas

EM DIVINÓPOLIS

Zema diz que há 'centenas de trabalhadores' em hospital com obras paradas

Ao contrário de declarações do governador Romeu Zema (Novo), as obras do Hospital Regional de Divinópolis continuam como ele as deixou em fevereiro deste ano: paradas. Em entrevista à TV Globo, nessa terça-feira (4/4), Zema disse que quatro unidades, entre elas a do município do Centro-Oeste, estariam com “centenas de trabalhadores”. As outras três são: Teófilo Otoni, Sete Lagoas e Conselheiro Lafaiete.





Na presença de lideranças políticas e empresariais, o governador assinou, no dia 10 de fevereiro, a ordem de serviço para reiniciar a construção parada desde 2016 em Divinópolis. Na ocasião, ele esteve no município e falou em concluí-la até 2024, dentro do mandato do atual prefeito da cidade, Gleidson Azevedo (PSC).

Mas ao contrário do que disse Zema, ainda não há sinal de “trabalhadores”. O contrato com a EF Construtora Ltda – vencedora da licitação – prevê a revisão do projeto elaborado em 2009 para, só então, a execução ser iniciada. 

O governo não citou datas, mas, na ocasião da assinatura da ordem de serviço, projetou pelo menos três meses para as obras serem, realmente, iniciadas. Já se passaram quase dois.

Na área externa, na frente do prédio, não havia sinais de trabalhadores e retomada das obras nesta quarta-feira (5/4) (foto: Amanda Quintiliano)

Vistoria


Uma vistoria in loco foi realizada pela deputada estadual Lohanna França (PV) nessa terça-feira (4/4), logo após a entrevista concedida pelo governador. Em vídeo feito no local, ela mostra as obras ainda paradas.





“Decidi voltar ao hospital para saber se o governador estava falando a verdade ou não, porque eu não vi um dia de obra aqui; vejam se tem alguma obra acontecendo aqui”, disparou Lohanna ao mostrar o hospital vazio.



A parlamentar ainda criticou a demora para o início das obras. “É muito fácil falar que a obra em Divinópolis é a mais avançada, quando a maioria das pessoas que ouve a entrevista nem sabe onde fica esse hospital”, afirmou. A unidade vai atender 54 municípios da macrorregião Oeste.
 
Na mesma entrevista, o governador ainda apostou que o hospital de Divinópolis, dentre as quatro citadas por ele, deverá ser inaugurada primeiro. "A previsão é de que em dois anos elas estejam sendo entregues. Muito provavelmente a de Divinópolis será a primeira porque a obra está em um estágio muito mais avançado que as demais cidades", afirmou Zema. O governado também mencionou o impacto da abertura de leitos para o sistema hospitalar do estado.





Sistema de oxigênio


A reportagem do Estado de Minas também esteve no prédio que fica no bairro Realengo. Entretanto, foi impedida de entrar na área da construção. Do lado de fora não havia sinais de obra. Questionado, o porteiro disse apenas que havia uma equipe nos fundos trabalhando no sistema de oxigênio e que não tinha autorização para falar ou permitir o acesso.

O EM também tentou contato com a Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG) e recebeu o seguinte posicionamento por meio de uma nota:

Em relação aos hospitais regionais, conforme amplamente divulgado, recentemente o Governo de Minas publicou, na data de 30/03, ordem de início para conclusão das obras das unidades de Sete Lagoas e Conselheiro Lafaiete. Com a assinatura da ordem de início das obras de conclusão de mais dois hospitais regionais, o Governo de Minas Gerais dá continuidade ao projeto de ampliação de leitos hospitalares para desafogar os grandes centros e melhorar a rede de assistência no interior.  Em 2022, o Estado priorizou a retomada das construções de seis hospitais regionais (além de Sete Lagoas e Conselheiro Lafaiete, houve a retomada dos trabalhos em Divinópolis, Teófilo Otoni, Governador Valadares e Juiz de Fora), que estavam com obras paralisadas há anos. 

A retomada das obras do Hospital Regional de Divinópolis começou em 10 de fevereiro de 2023, quando foi assinada a ordem de início das obras. Desde então, a empresa EF Construtora, vencedora da licitação, segue conduzindo as intervenções necessárias no local. Cabe informar que a obra foi originalmente licitada e contratada pela Prefeitura Municipal de Divinópolis, em 2013, com recursos repassados pelo Estado. No entanto, à época, a edificação não foi concluída. Além disso, devido ao abandono e descaso do governo anterior, parte da construção erguida à época acabou degradada ao longo dos anos.



Atualmente, o prazo contratual para execução completa da obra do Hospital Regional de Divinópolis é de 900 dias, a contar da data de assinatura da ordem de serviço. Neste período, são previstos 360 dias para a conclusão da Fase I, referente à elaboração de projetos e análise da viabilidade da estrutura já existente no terreno da obra; e 540 dias para a Fase II, relacionada à execução e conclusão da obra. Neste momento, cumprindo os prazos contratuais, a empresa EF Construtora está executando a Fase I.

O investimento total da obra será de R$ 40 milhões, com todos os recursos garantidos pelo Estado. A expectativa é que o hospital melhore o acesso à saúde pública de qualidade para mais de um milhão de pessoas, impactando 54 cidades da região. Já o Hospital Regional de Teófilo Otoni teve ordem de início publicada em outubro de 2022. A previsão para conclusão das obras é no final de 2024.

Em Juiz de Fora, o edital para contratação de projetos executivos relacionados à recuperação da estrutura atual do Hospital Regional de Juiz de Fora foi publicado em março de 2023. Após a conclusão do projeto executivo de reforço desta estrutura, será realizado edital de contratação para a conclusão das obras da unidade de saúde. Nesta etapa, serão atualizados os demais projetos necessários da obra, que dependem da solução técnica desenvolvida na etapa anterior. 





O Hospital Regional de Governador Valadares teve o edital publicado em julho de 2022. No curso do procedimento licitatório, em dezembro de 2022, foi publicado aviso de suspensão do edital, em cumprimento de decisão judicial. Diante disso, aguarda-se a resolução do litígio judicial para continuar com o regular prosseguimento do processo.


O hospital


A edificação tem 16.761,80 m² de área construída em um terreno de 53.464 m² e foi projetada para atender casos de média e alta complexidade.

A estrutura foi concebida para 134 leitos de internação, dos quais oito são de isolamento. Conta ainda com 55 leitos de internação intensiva, sendo 30 para adultos, 15 para neonatal e dez de cuidados intermediários, além de 20 vagas para observação no pronto atendimento. 

Além disso, a unidade contará com 12 salas de cirurgias, dez consultórios para atendimento de urgência e emergência, laboratório e outras dependências.

A conclusão das obras custará R$ 40 milhos e será viabilizada por meio dos recursos oriundos do acordo firmado com a Vale em decorrência do rompimento da barragem de Brumadinho. 

*Amanda Quintiliano especial para o EM