O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, deve chegar a Brasília no dia 17 deste mês. A previsão é de que ele faça uma visita de cortesia ao governo brasileiro. No entanto, deve trazer ao país uma carga de 5 toneladas, que está na aeronave que realizará o voo. Atualmente, o avião está parado na Argentina e a carga não é de conhecimento do governo brasileiro.
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Gleisi Hoffmann: 'Parte do agro brasileiro vive no século passado'Governo pede a exclusão de 270 contas do Twitter após ataques em escolasLula sobrevoa áreas atingidas pela chuva e enchente no MaranhãoBolsonaro ao saber que será avô de menino pela primeira vez: ''É macho''João Campos diz que acusação contra o pai 'não tem o menor fundamento'A viagem foi organizada em Moscou, na semana passada, quando o assessor especial da presidência, Celso Amorim, visitou o presidente da Rússia, Vladimir Putin. No entanto, a visita já estava sendo anunciada desde o começo de março, quando Lavrov se encontrou com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira.
Parlamentares avaliam a possibilidade de solicitar informações sobre a viagem ao Itamaraty, tendo em vista que missões diplomáticas que passam pelo Brasil não estão sujeitas a controle dos órgãos de fiscalização.
A visita também ocorre em um momento de desconforto com a Ucrânia após declarações do presidente Lula sobre a guerra. Na sexta-feira (8), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, afirmou que não vai abrir mão do território da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. A declaração foi uma resposta Lula, que nesta semana sugeriu que o país teria que ceder seu direito sobre a região para acabar com a guerra.
Desde que entrou no governo, Lula tenta encontrar uma solução para interromper a guerra na Europa, alegando que o Brasil deve chamar para si o protagonismo internacional. A visita de Amorim a Moscou, além de tratar sobre o comércio de fertilizantes, também abordou a invasão russa ao território ucraniano.
Conflito
Na quinta-feira (6), em uma conversa com jornalistas em Brasília, Lula disse que o presidente ucraniano "não pode querer tudo", mas rechaçou, também, a ideia de que a Rússia mantenha poder sobre novos territórios no país vizinho. "Putin não pode ficar com o terreno da Ucrânia. Talvez se discuta a Crimeia. Mas o que ele invadiu de novo, tem que se repensar", declarou o petista.
A resposta do governo ucraniano ocorreu inicialmente por meio de um post no Facebook feito pelo porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko. "Não há razão legal, política nem moral que justifique abandonar um só centímetro de território ucraniano", escreveu. Apesar da declaração, Oleg afirmou que valoriza "os esforços do presidente brasileiro para encontrar uma maneira de deter a agressão russa".
Em seguida, Zelenski afirmou que a ordem só retorna quando o território da criméia for recuperado. “O mundo deve saber: o respeito e a ordem retornarão às relações internacionais apenas quando a bandeira ucraniana retornar a criméia - quando houver liberdade lá, assim como em qualquer outro lugar da Ucrânia", ressaltou Zelensky. Procurado pelo Correio para se manifestar sobre o caso, o Itamaraty não respondeu.