O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarca na China, amanhã (11/4), para uma série de compromissos diplomáticos. Ele terá uma extensa agenda, incluindo uma reunião com o presidente chinês, Xi Jinping, para discutir sobre novos investimentos no Brasil. O petista também terá como missão resgatar os laços entre os países – que ficaram enfraquecidos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Esta é a primeira viagem de Lula ao local desde que assumiu o seu terceiro mandato. O mal-estar com os chineses na gestão anterior começou após uma série de críticas do ex-presidente e declarações postadas nas redes sociais do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que além de ter dito que o país escondeu informações, responsabilizou o governo asiático pela pandemia de COVID-19.
Um possível rompimento com a China teria forte impacto na economia brasileira, pois, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), há mais de uma década o país é o maior parceiro comercial do Brasil. Os dados de 2022 apontam que, dentre as 27 unidades da federação, 14 têm a nação asiática como seu principal destino das exportações. A previsão inicial era que a viagem do presidente à China acontecesse em 24 de março. No entanto, Lula adiou a ida devido ao diagnóstico de pneumonia. Agora, com a confirmação de ida, ele ficará apenas quatro dias no país. O retorno da delegação brasileira está previsto para o dia 15 de abril.
Em conversas com jornalistas na última semana, o chefe do Planalto afirmou que pretende convencer o governo chinês de novos investimentos e também discutir sobre a possibilidade de o país dialogar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pelo fim da Guerra na Ucrânia. “Nós não concordamos com a invasão da Rússia à Ucrânia. Estou convencido que tanto a Ucrânia quanto a Rússia estão esperando que alguém de fora fale: vamos sentar para conversar”, disse na ocasião.
Na avaliação do cientista político Leonardo Queiroz Leite, doutor em administração pública e governo pela Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), a ida de Lula marcará uma retomada dos laços mais fortes do Brasil com a China. “A retórica de Bolsonaro de confrontar o país de modo ideológico é completamente fora de propósito do campo da política externa porque a política externa serve para proteger os interesses dos países, acima de qualquer ideologia. Então, nesse ponto, o Lula é muito mais pragmático e vai fechar muitos acordos importantes em áreas vitais para o Brasil, como, por exemplo, questões da tecnologia”, apontou.
Leite também destacou a presença da ex-presidente Dilma Rousseff na viagem que, agora, está no comando do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB na sigla em inglês), também conhecido como Banco do Brics. “Isso fortalece a posição do Brasil dentro desse grupo de nações em desenvolvimento, que atua como uma coalizão de países que pode ter um peso pelo seu papel no mundo em desenvolvimento”, afirmou. O analista político Melillo Dinis apontou a importância da parceria comercial e os acordos bilaterais entre as nações. “A China é o país mais importante para o Brasil em termos de exportação. Mas ainda não tem o mesmo nível de relacionamento comercial e de investimentos que outros países menores que o Brasil. Assim, além de estabelecer melhores relações, tanto bilaterais como em organismos como o BRICS, a viagem irá adotar vários e muitos acordos e negociações de maior presença”, ressaltou.
Comitiva
O presidente Lula viaja em meio a uma delegação formada por parlamentares, assessores, ministros de Estado e outras autoridades. O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), será um dos que vão acompanhar a missão oficial. Com isso, ele adiou a sessão que seria realizada a leitura de requerimento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas do 8 de janeiro, organizada por deputados de oposição. O líder da bancada do Podemos, deputado Fabio Macedo (MA), é um dos convidados pelo presidente da República a compor a comitiva Brasil-China. Ele é o único parlamentar maranhense a integrar o grupo e afirmou que vai levar as demandas do Maranhão, a fim de ampliar os investimentos do país asiático no estado. “Na pauta dos encontros, está o fortalecimento das relações comerciais com a China, com foco no setor industrial e do agronegócio, transição energética e segurança alimentar”, disse.