O ministro da Justiça, Flávio Dino, foi quem mais se destacou nas principais redes sociais nos primeiros cem dias do governo Lula. Levantamento feito pela Bites e publicado pelo jornal O Globo aponta que o ministro concentra quase 18% da tração medida entre os ministros do primeiro escalão.
O levantamento considerou as contas oficiais dos 33 ministros do governo, com base no Instagram, Facebook e Twitter. Foi elaborado um índice de interação que considera compartilhamentos e postagens. A Bites também atribuiu pesos diferentes a depender do tipo de interação e da plataforma. Para a pesquisa, o Instagram é a rede com maior impacto e os compartilhamentos têm maior importância que as curtidas.
Conforme a pesquisa, Dino teve o maior número de interações neste primeiro momento. Em 1.041 postagens, o ministro teve 7,4 milhões de interações. A segunda colocada com mais peso nas redes sociais é a ministra do Planejamento, Simone Tebet, que concentrou 9,2% na medida e 3,7 milhões de interações.
Tebet também foi a ministra que teve a maior média de interações por publicação: 11.842. Paulo Pimenta, titular da Secretaria de Comunicação Social, é o ministro que mais usou as redes sociais. Ao todo, foram 2.961 publicações nos primeiros cem dias de governo.
Na sequência, o ministro da Educação, Camilo Santana, aparece com 7,9% na medida (3,1 milhões de interações); o ministro Paulo Pimenta, da Secom, 7,6% (3,5 milhões); e a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, 7,7% (3 milhões).
Embora o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Meio Ambiente, liderem ações e pautas centrais do governo, eles não se destacam nas redes sociais. Marina, na sexta posição, tem 6,5% de peso nas redes sociais (2,7 milhões) e Haddad, na sétima posição, 5,7% (2,7 milhões de interações).
Mais seguidores
Neste período, Dino também foi o ministro que mais cresceu em número nas redes sociais. Desde o início do governo, Dino recebeu 383 mil seguidores. Para a Bites, o ministro da Justiça protagonizou as redes sociais após a invasão do dia 8 de janeiro, que levou à depredação do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), mas também por travar embates com bolsonaristas.
O levantamento cita a visita do ministro à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, no final do mês passado, que teve grande repercussão, em especial nas redes sociais.
"Dino tem uma capacidade de responder aos ataques com clareza e propriedade. Esse domínio ajuda a mobilizar a própria esquerda, que entende que ele deu "lacradas" na direita, que ele respondeu de forma implacável. Isso acaba gerando engajamento", avalia o diretor-adjunto da Bites, André Eler.
O peso das contas dos ministros nas redes sociais (em %)
- Flávio Dino - 18
- Simone Tebet - 9,2
- Camila Santana - 7,9
- Paulo Pimenta - 7,6
- Sônia Guajajara - 7,7
- Marina Silva - 6,5
- Fernando Haddad - 5,7
- Anielle Franco - 5,6
- Alexandre Padilha - 5,3
- Geraldo Alckmin - 5
Ministros com mais interações nas redes sociais
- Flávio Dino - 7.439.272 interações
- Simone Tebet - 3.718.573
- Paulo Pimenta - 3.505.017
- Camila Santana - 3.199.011
- Sônia Guajajara - 3.032.079
- Marina Silva - 2.770.269
- Fernando Haddad - 2.770.269
O diretor da Bites acredita que os resultados indicam uma dificuldade de coordenação sobre a comunicação de políticas do governo entre os ministros e destaca as dificuldades do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
"A pauta de Haddad não é tão cara para a própria base. É um ministro que precisa apresentar um plano de recuperação, de ajuste fiscal, aumento de arrecadação. Tem uma dificuldade de engajar os demais ministros, que querem demonstrar resultados com investimentos. É natural que seja mais difícil ter essa capacidade de articulação para que outros ministros o apoiem. Isso ajudaria o governo, num momento em que o bolsonarismo está coordenado para atacar as medidas dele", analisa.