Jornal Estado de Minas

100 DIAS DE GOVERNO

100 dias de Lula: reunião é marcada por críticas a Bolsonaro e otimismo

Com o slogan 'O Brasil Voltou', a reunião ministerial dos primeiros 100 dias de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi marcada por críticas à gestão passada e otimismo para as próximas ações do governo. Durante o discurso, o petista justificou as dificuldades do seu terceiro mandato em razão do governo Jair Bolsonaro (PL). A reunião aconteceu no Palácio do Planalto, na manhã desta segunda-feira (10/4).





A reunião teve o objetivo de divulgar as principais realizações do governo nestes primeiros meses, como o retorno do Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família, Mais Médicos, investimentos nas áreas da saúde e educação, entre outros.

Durante a sua fala, Lula justificou as dificuldades que a gestão encontra em razão do "descaso", conforme o petista, do ex-presidente Jair Bolsonaro em determinadas áreas. Ao iniciar o encontro, Lula disse que nos seus dois governos (2003 a 2006 e 2007 a 2010) não fez reunião sobre os primeiros 100 dias de atuação, e comparou a ocasião com o seu primeiro mandato - quando sucedeu o governo de Fernando Henrique Cardoso, o FHC.

"Eu acho que nunca falei nos outros mandatos que tive, mas acho importante lembrar que, nos outros mandatos, recebi o governo de um presidente democrata, um companheiro que tinha uma história de luta pela democracia, pelos direitos humanos, algo que o ex que eu estou substituindo agora, não tem", disparou Lula em críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).





Na sequência, Lula disse aos ministros que o momento que eles vivem é "histórico" e relembrou a invasão às sedes dos Três Poderes - Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF) - no dia 8 de janeiro. Para ele, as instituições se uniram em prol da democracia e isso marcou o mandato.

"Aquilo foi uma tentativa de golpe, feita por um grupo de fascistas, de extrema direita, que não queria deixar o poder, que não queria aceitar o resultado eleitoral", disse. 

Em meio às críticas ao governo antecessor, Lula disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro era desrespeitoso com governadores, deputados e prefeitos. "Nós sabemos o que este país passou. Nós sabemos as ofensas que a democracia sofreu, que as mulheres sofreram, os negros sofreram, os democratas, a Suprema Corte, que o Poder Judiciário sofreu. Nós agora sabemos o que foi o período de 2018 a 2022, nós sabemos o que este país passou", pontuou.

Otimismo


Em meio a críticas às suas expectativas com os planos para a gestão, o presidente Lula disse que o otimismo de sua parte "não é exagero" e afirmou que se for para ser pessimista "é melhor desistir". 





"Se não acredito numa coisa, eu não faço. A gente tem que ter consciência quando assume a responsabilidade de governar um país, uma cidade, ou até ser síndico de um prédio, que a gente não pode acordar pessimista nunca. Acordar pensando nas dificuldades, nas impossibilidades. A gente tem que acordar todo santo dia com a consciência e a certeza que é a nossa posição positiva, de confiança, que vai fazer sociedade brasileira ter confiança. Ninguém acredita num governo que fala "ah, o PIB não vai crescer. Ah, porque a economia não está muito boa (....)". Se a gente for governar pensando nisso é melhor desistir", disse. 

Na sequência, Lula disse que as críticas são importantes para conduzir o governo. "É importante que essa gente fale para gente fazer diferente", pontuou. "Nós vamos fazer a diferença superando as dificuldades que se apresentarem para nós"

"O Brasil voltou"


Para Lula, a marca dos 100 dias de governo é a frase: O Brasil voltou. Durante toda a reunião, o petista ressaltou a importância de "reconstruir o país" e garantir políticas direcionadas à população mais pobre. 

"O Brasil voltou com ações e programas que ajudaram a resgatar a dignidade, a cidade e a qualidade de vida do povo brasileiro. Não se constrói um país verdadeiramente desenvolvido sobre as ruínas da fome, dos ataques à democracia, do desrespeito aos direitos humanos e da desigualdade de renda, raça e gênero. Não se chega a lugar algum deixando para trás a metade mais sofrida da nossa população", disse. 





"É para essas pessoas que não tem nada que a gente precisa levar um pouco, e todo mundo aqui sabe, que o pouco que a gente leva para essas pessoas pobres deixa eles agradecidas pro resto da vida. e é para essa gente que vocês estão aqui. É para essa gente que eu convidei vocês para serem ministros", disse Lula na reunião.

Lula disse que está orgulhoso do que foi feito até aqui e ressaltou o trabalho com os Yanomamis, o arcabouço fiscal feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, projetou avanços no combate à desigualdade de gênero - a qual, segundo o presidente, terá um projeto de lei encaminhado ao Congresso para reforçar a questão. 

O petista também ressaltou a retomada de obras paradas e anunciou que a Petrobras vai investir em pesquisas. "A Petrobras é a empresa que historicamente mais investiu em pesquisa neste país, que mais investiu em inovação. A descoberta do pré-sal foi resultado de bilhões e bilhões de investimentos", destacou.





Ao finalizar o encontro, Lula ressaltou que o seu terceiro vai ser "com muita responsabilidade, muita seriedade, mas com muito atendimento aos interesses do povo trabalhador deste país, que é a quem eu devo a minha eleição". 

Ministros sobre os 100 dias


O Ministro da Casa Civil, Rui Costa, também disparou críticas à gestão Bolsonaro e afirmou que agora a imprensa tem muito mais a noticiar do que "passeios de motociatas e de jetski". "Voltou a discutir os problemas reais que o povo brasileiro vive", disse.

"Transmito aqui o nosso agradecimento a equipe de cada ministério, pelo empenho pela dedicação que vai muito além do esforço mental, do esforço físico, para reconstruir o nosso país. A marca mais expressiva desses 100 dias é que o Brasil voltou: voltou a ter governo, gestão pública, cuidado com as pessoas. Voltou a ter planejamento, ações de governo", disse. 





Já o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, disse que o presidente Lula atuou "fielmente" com os compromissos da campanha eleitoral nestes 100 primeiros dias de governo. 
 
"Coordenei a transição, o senhor presidente, está sendo absolutamente fiel ao que falou na campanha eleitoral, durante a transição e agora. O senhor salvou a democracia, e ela de uma tentativa de golpe. E ela saiu fortalecida.  A reação rápida de todos os Poderes e a reação rápida do governo fortaleceram o sistema democratico", avaliou Alckmin sobre a invasão às sedes dos Três Poderes.