Jornal Estado de Minas

DECISÃO DE LEWANDOWSKI

Moro sobre investigação de tentativa de extorsão pelo STF: 'Recorrerei'

O senador Sergio Moro (União-PR) disse que vai recorrer das acusações feitas pela advogado Rodrigo Tacla Duran, que foram encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), assim que tiver "acesso aos autos". O parlamentar alega que as acusações não são de competência da Suprema Corte, isso porque os fatos investigados são anteriores ao seu mandato do senador.





Moro - assim como o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) - é acusado por Tacla Duran de estar envolvido em uma tentativa de extorsão para que ele não fosse preso durante a Operação Lava-Jato. Nessa segunda-feira (10/4), o ministro Ricardo Lewandowski determinou que as acusações sejam investigadas pela Suprema Corte, em razão do foro privilegiado dos parlamentares
 
"A manifestação da PGR acolhida pelo Min. Ricardo Lewandowski contraria precedentes do próprio STF relativos ao foro privilegiado. Ressalto que o processo com as falsas acusações não é de competência do Supremo, visto que os fatos inventados seriam anteriores ao meu mandato de Senador. Por essas razões, aliás, já disse que abro mão do privilégio e luto no Senado para o fim dessa excrescência jurídica, verdadeira causa de impunidade. Recorrerei tão logo tenha acesso aos autos", informou a assessoria do senador.

Acusações contra Moro


Duran é réu acusado de lavagem de dinheiro. Ele alega que foi "alvo" da operação por não ter aceitado ser "extorquido". De acordo com as denúncias do advogado, pediram a ele US$ 5 milhões para que não fosse preso no âmbito da Operação Lava Jato. 





Em 2019, em uma entrevista concedida ao UOL, Tacla Duran disse que pagou uma primeira parcela de US$ 612 mil a um advogado ligado a Sergio Moro - Marlus Arns, que havia trabalhado com Rosângela Moro, mulher de Sergio. O advogado alega que se recusou a pagar o restante. 

Na época, Duran disse ter sido procurado por Carlos Zucolotto Júnior - que era sócio de Rosângela Moro - para pagar "por fora" e obter um acordo de delação premiada. O advogado entregou à Justiça fotos e gravações que, segundo ele, confirmariam suas acusações.

Devido ao "grande poderio político e econômico dos envolvidos", Tacla Duran foi encaminhado ao programa federal de testemunhas protegidas. Atualmente, Duran vive na Espanha. 

Dallagnol, também acusado por Tacla Duran, ainda alega que o advogado é "mentiroso compulsivo". De acordo com o deputado, não é a primeira vez que ele e Sergio Moro são acusados pelo advogado. Ele afirmou que o Ministério Público Federal e a Procuradoria-Geral da República já investigaram e arquivaram as acusações duas vezes.