Jornal Estado de Minas

VOLTOU ATRÁS

MST recua e descarta onda de invasões de terras em abril

O coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Paulo Rodrigues, descarta a realização de uma onda de invasões de propriedades no Abril Vermelho, jornada anual de ações do movimento para lembrar o massacre de Eldorado do Carajás (1996) e chamar atenção para a pauta da reforma agrária.





 

Em entrevista nesta terça-feira (11), Rodrigues explicou que devem ocorrer ocupações pontualmente, mas não dezenas ou mesmo centenas, o que caracteriza a jornada anual do MST. Desde o começo do mês, membros do MST já invadiram uma área em Pernambuco e a superintendência do Incra em Alagoas, comandada por César Lira, primo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

 

"Fizemos 16 ocupações de terra em 2023. Possivelmente haverá mais mobilização na semana que vem, que pode se dar em marchas, assembleias, atos nas capitais, nas assembleias legislativas. Estamos dizendo que não há nenhuma jornada de ocupações de terra", disse o líder do MST.

 

"Jornada, quando o MST organiza, tem 60, 80, 200 ocupações, como já fizemos. Temos aproximadamente 600 acampamentos, que poderiam fazer ocupações. Não há isso. O que acontecerá é alguma ocupação de terras, para denunciar latifúndios improdutivos, e denúncias sobre trabalho escravo, e também fazer atividades em frente a Incra e ministérios, mas não qualquer decisão da nossa organização de fazer qualquer ocupação de Incra e assim por diante", completou.





Em sua fala, Rodrigues disse que uma das tarefas do MST atualmente é defender o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Outra tarefa, segundo ele, é lutar contra a política de juros do Banco Central, também eleita como alvo pelo presidente petista.

 

O governo federal tem sido pressionado por alas do agronegócio e pela bancada parlamentar ruralista a respeito das ações do MST. O anúncio de que o movimento não realizará uma jornada de invasões deve distensionar a relação.

 

Ainda assim, Rodrigues chamou atenção para a demora do governo Lula em nomear superintendentes para o Incra, órgão responsável pela reforma agrária. Segundo ele, os militantes do campo têm tido que lidar com superintendentes bolsonaristas como César Lira.