O coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Paulo Rodrigues, descarta a realização de uma onda de invasões de propriedades no Abril Vermelho, jornada anual de ações do movimento para lembrar o massacre de Eldorado do Carajás (1996) e chamar atenção para a pauta da reforma agrária.
Em entrevista nesta terça-feira (11), Rodrigues explicou que devem ocorrer ocupações pontualmente, mas não dezenas ou mesmo centenas, o que caracteriza a jornada anual do MST. Desde o começo do mês, membros do MST já invadiram uma área em Pernambuco e a superintendência do Incra em Alagoas, comandada por César Lira, primo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
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"Jornada, quando o MST organiza, tem 60, 80, 200 ocupações, como já fizemos. Temos aproximadamente 600 acampamentos, que poderiam fazer ocupações. Não há isso. O que acontecerá é alguma ocupação de terras, para denunciar latifúndios improdutivos, e denúncias sobre trabalho escravo, e também fazer atividades em frente a Incra e ministérios, mas não qualquer decisão da nossa organização de fazer qualquer ocupação de Incra e assim por diante", completou.
Em sua fala, Rodrigues disse que uma das tarefas do MST atualmente é defender o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Outra tarefa, segundo ele, é lutar contra a política de juros do Banco Central, também eleita como alvo pelo presidente petista.
O governo federal tem sido pressionado por alas do agronegócio e pela bancada parlamentar ruralista a respeito das ações do MST. O anúncio de que o movimento não realizará uma jornada de invasões deve distensionar a relação.
Ainda assim, Rodrigues chamou atenção para a demora do governo Lula em nomear superintendentes para o Incra, órgão responsável pela reforma agrária. Segundo ele, os militantes do campo têm tido que lidar com superintendentes bolsonaristas como César Lira.