Jornal Estado de Minas

OPERAÇÃO LAVA-JATO

Boulos para Dallagnol: 'Por que tanto medo do Tacla Duran?'

Os deputados Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Deltan Dallagnol (Podemos-PR) protagonizaram um embate hoje (12/04), na Câmara dos Deputados.

Dallagnol questionou Boulos sobre as acusações de “conluio” entre juízes e o Ministério Público durante a Operação Lava-Jato. Em resposta, o psolista afirmou que esse “conluio” está comprovado e que Dallagnol tem medo do advogado Rodrigo Tacla Duran, que o acusa de tentativa de extorsão durante a mesma operação.





“Me surpreende, inclusive, que o deputado Dallagnol insista no questionamento do conluio que ocorreu entre Ministério Público e Poder Judiciário, depois da Operação Spoofing, depois do que a Vaza-Jato mostrou, até o horário de coletiva de imprensa eles combinavam juntos. Era tudo. Momento da sentença, quem ia ouvir, o promotor dava conselho para o juiz, o juiz dava conselho para o promotor. Pelo amor de Deus, se isso não é conluio, chamemos os linguistas e vamos redefinir o dicionário brasileiro”, disse Boulos.  
 
 
 
“Eu fico me perguntando por que tanto medo do Tacla Duran? Qual é o problema de ouvi-lo? Você pode ter as acusações que tiver, os outros podem ter, um achar que ele é bandido, o outro achar que ele é não sei o que. Qual é o problema de ouvi-lo? Trazê-lo aqui para que ele pudesse falar? É o medo. É a necessidade de fazer uma blindagem”, completou o psolista. 

Quem é Tacla Duran? 

O advogado Rodrigo Tacla Duran acusou Dallagnol e o ex-juiz federal e então senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) de tentativa de extorsão para que Duran não fosse preso durante a Operação Lava-Jato. 

Ele é réu, acusado de lavagem de dinheiro e alega que foi "alvo" da operação por não ter aceitado ser "extorquido". De acordo com as denúncias do advogado, pediram a ele US$ 5 milhões para que não fosse preso.





Em 2019, em uma entrevista concedida ao UOL, Tacla Duran disse que pagou uma primeira parcela de US$ 612 mil a um advogado ligado a Sergio Moro - Marlus Arns, que havia trabalhado com Rosângela Moro, mulher de Sergio. O advogado alega que se recusou a pagar o restante. 
Na época, Duran disse ter sido procurado por Carlos Zucolotto Júnior - que era sócio de Rosângela Moro - para pagar "por fora" e obter um acordo de delação premiada. O advogado entregou à Justiça fotos e gravações que, segundo ele, confirmariam suas acusações.

Devido ao "grande poderio político e econômico dos envolvidos", Tacla Duran foi encaminhado ao programa federal de testemunhas protegidas. Atualmente, Duran vive na Espanha.