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Na recente viagem à China, Lula e o líder chinês, Xi Jinping, reforçaram o entendimento de que os dois países não fornecerão armas a nenhum dos dois lados em guerra, e defenderam uma solução negociada para o conflito. Enquanto isso, a Rússia busca se aproximar dos seus parceiros do Brics, tentando sair das cordas que o isolamento internacional promovido pelos aliados ocidentais da Ucrânia tem promovido.
Nas declarações dadas durante a viagem à Ásia, o presidente brasileiro deixou clara a posição do país em apoiar negociações diplomáticas para encerrar o conflito armado, chegando até mesmo a relativizar o fato de a Rússia ter rompido convenções internacionais de não agressão e de não violação da integridade territorial dos países. "A construção da guerra foi mais fácil do que a saída da guerra, porque a decisão da guerra foi tomada por dois países", disse Lula, em entrevista nos Emirados Árabes Unidos, no sábado, em escala de retorno ao Brasil.
No encontro com o líder dos Emirados Árabes Unidos, xeique Mohamed bin Zayed Al Nahyan, o petista voltou a criticar os Estados Unidos e a União Europeia sobre o apoio que dão à Ucrânia, incluindo o fornecimento de armas, munições e acesso a redes de comunicação por satélites e inteligência militar. "A paz está muito difícil. O presidente Putin não toma iniciativa de paz, o (presidente da Ucrânia, Volodimir) Zelenski não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando a contribuição para a continuidade desta guerra", acusou Lula.
Apesar do tom pessimista, o líder brasileiro pretende se colocar como um dos negociadores do processo de paz entre as duas nações, com o apoio da China. Lula e Xi Jinping decidiram não apoiar o bloqueio econômico à Rússia, imposto pelos sócios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) - um acordo de defesa mútua entre EUA e a maioria dos países da UE. Os dois outros sócios do Brics - Índia e África do Sul - também negaram apoio às sanções econômicas.
Incômodo
"O simples fato de o Lavrov ser recebido aqui é uma vitória da Rússia em um motivo de incômodo para os Estados Unidos e para a Europa em momento que isso não é bom para eles nessa rodada do conflito", comentou Hugo Albuquerque, especialista em relações internacionais da Editora Alternativa Literária.
Ele apontou que o encontro também representa um gesto simbólico para a Rússia demonstrar que não está isolada no sul global. "Isso vai trazer uma fervura para o Brasil, que é visto como um fiel da balança, assim como a Índia, e receber o Lavrov tem um peso muito grande para a Rússia, ainda mais em um momento em que a economia dos Estados Unidos e da Europa não vai muito bem", explicou. "Importante lembrar que as forças da Ucrânia dependem do financiamento euro-americano, o que pode ser difícil em uma crise", ponderou o especialista.
Negociador implacável
No comando da diplomacia russa desde 2004, Sergey Lavrov é considerado um dos auxiliares mais fiéis ao presidente Vladimir Putin. Segundo diplomatas, as falas do chanceler são mensagens diretas do próprio presidente Putin. Diplomata nos últimos 50 anos - primeiro da União Soviética, depois da Rússia -, Lavrov é respeitado e poderoso dentro e fora da Rússia. Em seus 10 anos como embaixador da Rússia na Organização das Nações Unidas (ONU), ele foi considerado um habilidoso negociador e, nesse tempo, conquistou a fama de pessoa acessível com jornalistas do mundo inteiro.
Desde a invasão russa à Ucrânia, contudo, Lavrov vem enfrentando revezes. Principal portavoz da versão russa da guerra, ele teve seus bens no exterior congelados e está submetido a sanções de entrada em países ocidentais