SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o conflito em curso na Ucrânia têm incomodado parceiros como os EUA e atraído a atenção por atribuir a Kiev uma parcela da culpa pela guerra, que passa de um ano e tem ao menos 8.500 civis mortos.
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Relembre o que Lula já disse sobre a Guerra da Ucrânia
MAI.2022 — Zelenski é responsável pela Guerra
Em entrevista à revista americana Time, quando ainda era pré-candidato à Presidência, Lula disse que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, era tão responsável quanto Putin pela guerra.
Ele também afirmou que os EUA e a União Europeia estimularam o conflito e fez duras críticas à ONU, que, segundo ele, "não representa mais nada" e "não é levada a sério pelos governantes".
"Putin não deveria ter invadido a Ucrânia. Mas não é só o Putin que é culpado, são culpados os EUA e é culpada a União Europeia. Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a Otan? Os EUA e a Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na Otan’. Estaria resolvido."
JAN.2023 — China deve colocar a mão na massa
Por ocasião da visita do premiê alemão, Olaf Scholz, ao Brasil, Lula disse que a China - um dos países que ele inclui em seu rascunho de clube da paz - deveria desempenhar papel maior para parar o conflito.
"Acho que nossos amigos chineses têm um papel muito importante. Quero conversar sobre isso com o presidente Xi Jinping. Está na hora de a China colocar a mão na massa", afirmou o petista.
Na viagem à China, no entanto, o assunto foi marginal, e Xi, cujo regime chegou a apresentar um plano vago de paz para a guerra em fevereiro, não demonstrou o mesmo apetite de Lula para o assunto.
FEV.2023 — Erro histórico da Rússia
À emissora CNN o presidente afirmou considerar a guerra um erro histórico da Rússia. "Foi um equívoco, um erro histórico da Rússia invadir o território da Ucrânia. Precisa ter alguém para dizer ‘gente, vamos parar e conversar’, e não tem ninguém fazendo isso."
Lula voltou a mencionar sua proposta de clube da paz, pouco creditada mesmo entre aliados, e disse que não pretende enviar munições para a Ucrânia, como já foi solicitado pela Alemanha. "Eu não quero entrar na guerra, eu quero acabar com essa guerra."
ABR.2023 — Zelenski não pode ter tudo
Durante café da manhã com jornalistas em Brasília, o presidente disse que a Rússia não pode ficar com o terreno da Ucrânia ocupado durante a invasão no país europeu, mas que Volodymyr Zelenski "não pode também ter tudo o que ele pensa que vai querer".
O maior imbróglio, que levou a uma resposta da diplomacia ucraniana, está no trecho em que Lula menciona a Crimeia, península do território ucraniano anexada por Moscou em 2014. O petista disse que "talvez se discuta a Crimeia", dando a entender que Kiev poderia ceder a região.
ABR.2023 — EUA incentivam o conflito
Durante viagem oficial à China, Lula cobrou dos EUA que "parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz" para encaminhar um acordo entre a Rússia e a Ucrânia.
Acrescentou: "Quem é que não está na guerra que pode ajudar a acabar com essa guerra? Somente quem não está defendendo a guerra é que pode criar uma comissão e discutir o fim dessa guerra".
ABR.2023 — Ucrânia e Rússia são responsáveis
Durante rápida passagem por Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, Lula disse que tanto Moscou quanto Kiev são responsáveis pela guerra e por prolongar o conflito no Leste Europeu.
"Putin não toma a iniciativa de parar. Zelenski não toma a iniciativa de parar. A Europa e os EUA continuam contribuindo para a continuação desta guerra. Temos que sentar à mesa e dizer para eles: 'basta'", afirmou. Ele acrescentou que a "decisão pelo conflito foi tomada por dois países".