O dono da Jovem Pan Itapetininga, Milton de Oliveira Júnior, admitiu ao vivo, durante participação em um programa local, ter financiado os atos de 8 de janeiro, quando manifestantes bolsonaristas invadiram e depredaram a sede dos Três Poderes, em Brasília. Na noite dessa quinta-feira (20/4), a Jovem Pan anunciou que rompeu o contrato com a afiliada do interior de São Paulo.
No comunicado, a emissora afirmou que a decisão foi tomada em razão de prática que "expõe a marca" da emissora e "viola cláusulas" do acordo.
Durante o programa, Oliveira responde para a deputada federal Simone Marchetto (MDB-SP), da mesma cidade, que contribuiu com a ida de manifestantes aos atos. "Eu contribuí, deputada. Eu contribuí. Entrego o recibo para a senhora. Não tenho medo de assumir o que eu faço, está lá.”
A deputada se declarou contrária à instalação da CPMI dos Atos Antidemocráticos no Congresso. Em outro momento, o âncora diz que não tem problema em ser preso por causa do financiamento e afirma não ter medo da justiça.
"Se eu tiver que ser preso porque ajudei patriotas a irem para a Brasília fazer protesto contra um governo ilegítimo, que eu seja preso, não há problema nenhum. Temos que assumir os compromissos que fazemos. Não tenho medo da Justiça. Eu contribuí, deputada, se a senhora quiser eu mando no seu WhatsApp os recibos de Pix, está tudo com o meu CPF", afirmou.
- PF marca depoimento de Bolsonaro sobre atos golpistas
O programa é transmitido pela rádio e também pelo YouTube da Jovem Pan Itapetininga. O trecho do programa não está mais no canal da afiliada, mas vários recortes viralizaram nas redes sociais.
Comunicado nas redes sociais
Em seu perfil nas redes sociais, Oliveira publicou uma nota de esclarecimento em que afirma que "jamais agi e apoiei qualquer ato que ataque a democracia".
“Reafirmo, enfaticamente que o auxílio ao qual me manifestei foi para atender a solicitação de um amigo para sua alimentação durante a viagem de retorno de Brasília no dia 20 de novembro de 2022, ou seja, muito antes e nada relacionado aos atos de depredação do patrimônio público de 08 de janeiro de 2023”, disse em outro trecho.
Já a Jovem Pan informou, por meio de nota, que encerrou o contrato de filiação com a produtora DPV Limitada — Jovem Pan Itapetininga. Segundo a emissora, a afiliada “exibiu conteúdo em sua programação e nas plataformas digitais que expõe a marca da Jovem Pan e viola cláusulas contratuais que têm como objetivo a preservação da marca e a reputação da Jovem Pan enquanto empresa de comunicação".
"A rede Jovem Pan SAT tem como premissa que as emissoras afiliadas, ainda que responsáveis pelo conteúdo que geram regionalmente, devem refletir os princípios e valores que o Grupo Jovem Pan defende há 80 anos", diz a nota. "Quando essa postura não é observada, gerando prejuízo para a Jovem Pan enquanto instituição, nos obrigamos a adotar as medidas legais cabíveis com o rigor necessário.”
Por fim, o canal afirma que "não apoia a conduta dos administradores da produtora DPV Limitada e dos demais integrantes do programa que levou à exclusão do grupo de afiliadas Jovem Pan".