O governo brasileiro agiu para tentar evitar que cidadãos ucranianos que vivem em Portugal se unam a apoiadores da extrema-direita na manifestação marcadas para 25 de abril contra o presidente Luiz Inácio lula da Silva, que está em visita oficial de Estado ao país europeu. O protesto está sendo organizado pelo partido Chega, sob o comando do deputado André Ventura, aliado de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República, integrantes da Associação de Ucranianos asseguraram que não vão aderir ao movimento.
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Moraes quebra sigilo de imagens do 8/1 e manda ouvir servidores do GSIMoro afirma que Zema 'está do lado certo, defende a liberdade'Telegram entrega dados de neonazistas à PF depois de ameaça de suspensãoVisita do presidente Lula a Portugal ocorre em momento de ebulição no paísJanones perde a paciência com o governo: 'Estamos perdendo a narrativa'"Acho que houve uma interpretação errada do que pensa o presidente Lula. Todos sabem que a vocação dele é pela paz, e, historicamente, o Brasil sempre mantém a sua posição de neutralidade, não se posiciona de um lado nem do outro", assinalou o ministro. E acrescentou: Se o Brasil tomar partido de um lado ou de outro, perde a autoridade política de buscar, com outros países, um caminho para a paz. Essa é a tradição do país".
Amorim na Ucrânia
Segundo Macêdo, a Associação dos Ucranianos pediu que o líder brasileiro trabalhe para que a guerra acabe. E cobrou que ele vá visitar a Ucrânia. Neste primeiro momento, Lula escalou o ex-chanceler Celso Amorim, atual assessor estratégico internacional da Presidência, para ir ao país comandado por Volodimir Zelenski. "Assim como o ex-chanceler foi à Rússia, irá à Ucrânia", enfatizou. A data será mantida em sigilo por questão de segurança. "É importante frisar que o presidente Lula está empenhado em se reunir com outros países para tentar pôr fim ao conflito que não faz bem à humanidade. Já durou tempo demais", destacou.
Para jogar água na fervura, Lula pediu que, em nome dele, o ministro se solidarizasse com todas as famílias vitimadas pela guerra. "Assim como o presidente tem obsessão em acabar com a fome, que voltou no Brasil, está empenhado em buscar apoio para o fim do conflito na Ucrânia", disse Macedo. Ele também tentou minimizar as falas do presidente de que a União Europeia e os Estados Unidos trabalham para prolongar a guerra em vez de lutar pela paz. "Nós respeitamos a posição dos países europeus que, de alguma forma, estão envolvidos com a guerra, mas a posição do Brasil é pela neutralidade", reforçou.
Ele frisou ainda que o Brasil assinou a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) que condena a invasão de um país por outro e que defende a soberania dos países e dos povos. Sobre a posição do governo português, que fará reunião de cúpula com Lula neste sábado (22/4), o ministro afirmou que não pode falar pelo país europeu. "Mas sei que o governo português tem tradição de acolher refugiados e de defender a paz", sentenciou.