Macedo se reuniu, nesta sexta-feira (21/4), com os ucranianos na sede da Embaixada do Brasil em Lisboa. Segundo ele, em nenhum momento, os participantes do encontro mostraram contrariedade em relação ao líder brasileiro. "Não vi nenhuma animosidade no encontro. Pelo contrário, a reunião foi muito boa", disse. Ao longo da semana, contudo, a associação deu fortes demonstrações de que estava disposta a ir às ruas contra Lula depois das declarações dele de que a Ucrânia era tão culpada quanto a Rússia pela guerra entre os dois países que já dura mais de um ano.
"Acho que houve uma interpretação errada do que pensa o presidente Lula. Todos sabem que a vocação dele é pela paz, e, historicamente, o Brasil sempre mantém a sua posição de neutralidade, não se posiciona de um lado nem do outro", assinalou o ministro. E acrescentou: Se o Brasil tomar partido de um lado ou de outro, perde a autoridade política de buscar, com outros países, um caminho para a paz. Essa é a tradição do país".
Amorim na Ucrânia
Segundo Macêdo, a Associação dos Ucranianos pediu que o líder brasileiro trabalhe para que a guerra acabe. E cobrou que ele vá visitar a Ucrânia. Neste primeiro momento, Lula escalou o ex-chanceler Celso Amorim, atual assessor estratégico internacional da Presidência, para ir ao país comandado por Volodimir Zelenski. "Assim como o ex-chanceler foi à Rússia, irá à Ucrânia", enfatizou. A data será mantida em sigilo por questão de segurança. "É importante frisar que o presidente Lula está empenhado em se reunir com outros países para tentar pôr fim ao conflito que não faz bem à humanidade. Já durou tempo demais", destacou.
Para jogar água na fervura, Lula pediu que, em nome dele, o ministro se solidarizasse com todas as famílias vitimadas pela guerra. "Assim como o presidente tem obsessão em acabar com a fome, que voltou no Brasil, está empenhado em buscar apoio para o fim do conflito na Ucrânia", disse Macedo. Ele também tentou minimizar as falas do presidente de que a União Europeia e os Estados Unidos trabalham para prolongar a guerra em vez de lutar pela paz. "Nós respeitamos a posição dos países europeus que, de alguma forma, estão envolvidos com a guerra, mas a posição do Brasil é pela neutralidade", reforçou.
Ele frisou ainda que o Brasil assinou a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) que condena a invasão de um país por outro e que defende a soberania dos países e dos povos. Sobre a posição do governo português, que fará reunião de cúpula com Lula neste sábado (22/4), o ministro afirmou que não pode falar pelo país europeu. "Mas sei que o governo português tem tradição de acolher refugiados e de defender a paz", sentenciou.