Após a invasão, as imagens mostram alguns dos vândalos em uma atitude intimidatória contra o repórter fotográfico, incluindo a visualização do seu crachá.
No dia dos ataques, diversos jornalistas foram agredidos e intimidados, sendo forçados a apagar imagens que haviam feito. Alguns, como o repórter fotográfico Pedro Ladeira, da Folha de S.Paulo, ainda tiveram o equipamento roubado. O gabinete de Lula, que estava trancado, não foi invadido pelos vândalos.
As imagens das 33 câmaras, que têm duração de 160 horas, também mostram ministros e o presidente Lula no do Palácio do Planalto, após a liberação do prédio.
Vídeos mostram os integrantes do Executivo circulando no terceiro andar do palácio, local em que despacha o presidente e a que os invasores tiveram acesso.
Lula aparece na antessala de seu gabinete e gesticula, demonstrando indignação a seus interlocutores. Ele está acompanhado do seu fotógrafo e secretário de Audiovisual, Ricardo Stuckert, e seguranças.
Depois, aparecem nas imagens o ministro Flávio Dino (Justiça), José Múcio (Defesa) e Rui Costa (Casa Civil). O terceiro foi o último a chegar, puxa Dino pelo braço e leva os colegas para outro local. Dino e Costa demonstram irritação.
Os líderes do governo no Senado e no Congresso, Jaques Wagner (PT-BA) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também aparecem na antessala presidencial, ao telefone. O ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Goés, aparece no canto da imagem.
A chegada de Lula e dos ministros no terceiro andar ocorreu entre as 21h20 e as 22h20. As imagens da antessala presidencial foram o estopim da crise que culminou na queda do então ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Gonçalves Dias.
Lula havia pedido ao general para ver o conteúdo das câmeras que estavam em frente ao seu gabinete, mas o general disse que estavam quebradas, conforme foi informado pela sua equipe.
Nesta semana, contudo, a CNN divulgou vídeos que mostram integrantes do GSI e invasores circulando no andar presidencial. Há momento em que um dos servidores do ministério chega a dar água para os golpistas.
Em outro, o general aparece verificando se as portas do gabinete presidencial estavam fechadas e expulsando invasores do terceiro andar.
As imagens só se tornaram públicas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ele também decidiu colher o depoimento dos servidores do GSI que aparecem nas cenas, o que ocorre na Polícia Federal, na manhã deste domingo (23).
O material havia sido colocado sob sigilo pelo governo federal e negado à Folha de S.Paulo em fevereiro.
Os militares que irão prestar depoimento, de acordo com informações da Polícia Federal, são o general Carlos Feitosa Rodrigues, os coronéis Wanderli Baptista da Silva Júnior, Alexandre Santos de Amorim e André Garcia Furtado, os tenente-coronéis Alex Marcos Barbosa Santos, Marcus Vinicius Bras de Camargo, o major José Eduardo Natale de Paula Pereira, o capitão Adilson Rodrigues da Silva e o sargento Laércio da Costa Júnior.