"Os vídeos foram encaminhados para os Institutos de Criminalística e Identificação Nacional e estão sendo realizadas as perícias e análises para as deliberações pertinentes", disse à PF.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, a PF utiliza uma mistura de inteligência artificial e trabalho manual dos policiais para identificar os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) envolvidos nos ataques aos Poderes, em 8 de janeiro.
Apesar de o material ser usado pela perícia para identificação de quem cometeu crime, a equipe responsável diretamente pela investigação dos atos de vandalismo não analisou a íntegra das gravações.
"Informo que foi solicitado ainda dia 19/04/2023 a apresentação de laudo pelo INC (Instituto Nacional de Criminalística) a fim de identificar e reconhecer as movimentações e dinâmica de ações dos agentes públicos, neste compreendidos também as identidades destes", reforça a PF.
O documento é uma resposta à decisão do ministro Alexandre de Moraes. Na sexta-feira (21), o magistrado determinou que a PF prestasse informações acerca do recolhimento das imagens.
Na decisão, Moraes disse que a apuração não está restrita aos "indivíduos e agentes públicos civis e militares que criminosamente pretenderam causar ruptura do Estado democrático de Direito", mas também na identificação das condutas de agentes civis e militares que, por ação ou omissão, foram "coniventes ou deixaram de exercer suas atribuições legais".
"Para elucidação das responsabilidades criminais dos envolvidos nos crimes objeto desta investigação, é necessária a vinda aos autos de todas as imagens que auxiliem na identificação dos responsáveis", concluiu o ministro.
Na resposta, a PF ainda diz que foram ouvidos 81 militares que atuaram no dia 8 de janeiro, tendo sido selecionados os de patente igual ou superior a sargento do Exército.
Os depoimentos foram tomados todos no mesmo dia, em 12 de abril. Dentre os intimados, prestaram esclarecimentos os generais Gustavo Henrique Dutra de Menezes (ex-comandante Militar do Planalto), Carlos Feitosa Rodrigues "ex-secretário de segurança do Planalto) e Carlos José Russo Assumpção Penteado (ex-número 2 do Gabinete de Segurança Institucional).
Além dos 81 militares ouvidos, a Polícia Federal colhe o depoimento de nove funcionários do GSI neste domingo -alguns deles são ouvidos pela segunda vez. Todos eles aparecem nas imagens gravadas pelas câmeras de segurança do Palácio do Planalto em 8 de janeiro.
No grupo estão o general Carlos Feitosa Rodrigues e o capitão José Eduardo Natale Pereira, que aparece nas imagens dando água para os manifestantes. Ainda foram intimados a depor os coronéis Wanderli Baptista da Silva Júnior, Alexandre Santos de Amorim e André Garcia Furtado, os tenente-coronéis Alex Marcos Barbosa Santos, Marcus Vinicius Bras de Camargo, o capitão Adilson Rodrigues da Silva e o sargento Laércio da Costa Júnior.
O grupo foi dividido em dois para os depoimentos, com parte indo à PF às 10h e outro chegando às 14h.