Uma funcionária do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) do governo Bolsonaro contou em depoimento aos delegados da Polícia Federal que a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL) recebeu em mãos o pacote de joias sauditas que entrou no Brasil em 2021. Até o momento, Michelle sempre afirmou que foi a “última a saber” sobre os presentes.
O pacote em questão entrou ilegalmente no Brasil em outubro de 2021, com a comitiva do então ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque. Nele continham cinco itens: um relógio da marca Chopard, uma caneta, um anel, um par de abotoaduras e um rosário, confeccionados em ouro com diamantes e com valor estimado em US$ 500 mil (cerca de R$ 2,5 milhões).
Após entrar em território brasileiro, o conjunto foi recebido pela funcionária, seu chefe, Erick Moutinho Borges, e o museólogo Raniel Fernandes, para avaliação informal do valor das peças e logo depois foram enviadas para o Palácio da Alvorada por “razões de segurança". A funcionária narrou à PF que as joias foram recebidas pelo pastor Francisco de Assis Castelo Branco, braço-direito de Michelle, que informou ao GADH que a caixa com as joias “já estava na posse da primeira-dama”.
Joias apreendidas
Também em 26 de outubro de 2021, agentes da alfândega de Guarulhos (SP) encontraram na bagagem de Marcos André dos Santos Soeiro, assessor de Bento Albuquerque, uma escultura de um cavalo com cerca de 30 centímetros, dourada, com as patas quebradas.
Dentro da peça estavam um colar, um par de brincos, um anel e um relógio, avaliados em R$ 16,5 milhões, juntamente com o certificado de autenticidade da empresa suíça Chopard. Esse conjunto foi apreendido pela Receita Federal uma vez que a legislação brasileira determina que presentes trocados entre países, como o caso das joias oriundas do governo saudita, devem ser direcionados ao acervo público.
O Tribunal de Contas da União (TCU) decretou que ambos os conjuntos de joias fossem entregues à Caixa Econômica Federal. A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro entregou o conjunto que estava em sua posse no dia 24 de março.
Terceiro conjunto de joias
Após a devolução das peças, foi revelado que o ex-presidente Bolsonaro recebeu um terceiro pacote de joias do governo da Arábia Saudita e as levou para seu acervo pessoal. O pacote inclui um relógio de ouro branco e cravejado de diamantes da marca Rolex, estimado em R$ 364 mil, uma caneta prateada com pedras incrustadas, da marca Chopard, um par de abotoaduras em ouro branco com um brilhante cravejado no centro e outros diamantes ao redor.
Conforme revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, diferentemente dos outros presentes, este foi recebido em mãos pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, durante uma comitiva a Doha, no Catar, e em Riade, na Arábia Saudita, entre os dias 28 e 30 de outubro de 2019. Ao chegar no Brasil com o conjunto de joias, Bolsonaro deu ordens para que os itens fossem incorporados ao seu acervo privado.