A partir do segundo semestre, o Brasil vai ocupar a presidência temporária do Mercosul e a Espanha a presidência do Conselho Europeu. “O Brasil e os sócios do Mercosul estão engajados no diálogo para concluir as negociações com a União Europeia e esperamos ter boas notícias ainda neste ano. É um acordo muito importante para todos e queremos que seja equilibrado e que contribua para a reindustrialização do Brasil”, afirmou Lula durante o encontro com empresários espanhóis na Casa de América, em Madri. Ele lembrou que esperava que o acordo tivesse sido firmado ainda no seu primeiro mandato, mas que não foi possível. Atualmente o documento final encontra-se em fase de revisão e a expectativa do governo brasileiro é que seja assinado ainda em 2023.
A ministra de Assuntos Econômicos e Transformação Digital da Espanha, Nadia Calvino, disse que o acordo final entre a União Europeia e o Mercosul é uma oportunidade única para lançar uma mensagem ao mundo de modelo de cooperação internacional, crescimento sustentável e inclusivo para toda a sociedade. “O Brasil é um sócio estratégico para a Espanha e essa parceria será importante na nova ordem mundial”, afirmou.
Os dois países se tornaram parceiros estratégicos em 2003, ainda durante o primeiro mandato do presidente Lula. O acordo impulsionou a relação entre os dois países, que ficou estagnada durante o mandado do ex-presidente Jair Bolsonaro, que não visitou a Espanha durante os quatro anos em que esteve no cargo. “Estaremos mais fortes, se estivermos mais próximos”, afirmou Marcio Elias Rosa, secretário-executivo do ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil.
O Brasil é o décimo principal fornecedor da Espanha e as importações tiveram um crescimento de 38% em 2022. Os principais produtos exportados para o Brasil são derivados do petróleo, autopeças e fertilizantes. Os investimentos espanhóis no Brasil somaram US$ 63 bilhões, com uma média de ingressos de US$ 4 bilhões por ano nos últimos dez anos. Existem no país cerca de mil empresas espanholas, como o banco Santander, a seguradora Mapfre e a Telefónica/Vivo.
Guerra insana
Durante o seu pronunciamento aos empresários espanhóis, Lula voltou a falar da guerra da Ucrânia, que qualificou de “insana” e disse que “jamais poderia ter acontecido”. O presidente reiterou que entende a posição dos países europeus em relação à guerra, mas que não está vendo ninguém falando de paz. Ele adiantou que pretende conversar sobre esse assunto no encontro que terá hoje (26/04) com o primeiro-ministro Pedro Sanchez e que está empenhado em buscar parceiros para buscar a paz.
"Não tem ninguém falando em paz. E, às vezes, eu fico me perguntando: até quando essa guerra vai durar? Porque, se ninguém quiser construir a paz, e os dois lados, o que invadiu está reticente e o invadido também tem sua razão de estar reticente, eu fico me perguntando quem é que vai tentar resolver essa situação", acrescentou Lula.
"Não tem ninguém falando em paz. E, às vezes, eu fico me perguntando: até quando essa guerra vai durar? Porque, se ninguém quiser construir a paz, e os dois lados, o que invadiu está reticente e o invadido também tem sua razão de estar reticente, eu fico me perguntando quem é que vai tentar resolver essa situação", acrescentou Lula.