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Estado de Minas INDÍGENAS

Bolsonaro deve 'responder pelo que fez', diz cacique Raoni

"Ele foi um péssimo gestor para nós, povos indígenas, nos atacou", disse Raoni, durante encontro anual de indígenas de todo o país em Brasília


26/04/2023 07:44 - atualizado 26/04/2023 10:09

Cacique Raoni
Cacique Raoni (foto: CARL DE SOUZA / AFP)
O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro foi um "péssimo gestor", especialmente para os povos indígenas, e deve "responder por tudo o que fez", disse à AFP o cacique Raoni Metuktire, um emblema da luta indígena no Brasil.

Bolsonaro deve prestar depoimento nesta quarta-feira (26) à Polícia Federal no âmbito de uma investigação sobre os ataques de 8 de janeiro na sede dos Três Poderes em Brasília.

"Ele tem que responder por isso", disse Raoni, referindo-se à invasão e à destruição perpetrada por bolsonaristas radicalizados, insatisfeitos com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2022.

Mas o líder kayapó, de mais de 90 anos, também fez uma denúncia mais geral ao legado do ex-presidente (2019-2022).

Ele deve "responder por tudo o que fez (...) Ele foi um péssimo gestor para nós, povos indígenas, nos atacou", disse Raoni a uma equipe da AFPTV, durante encontro anual de indígenas de todo o país em Brasília.

A Justiça pediu a inclusão de Bolsonaro na investigação para identificar os mandantes da violência, citando um vídeo que o ex-presidente postou em suas redes sociais dois dias depois das agressões em que questionava o resultado eleitoral de outubro.

Raoni, que junto com outros cidadãos entregou a faixa presidencial a Lula em sua posse no dia 1º de janeiro, disse que os povos indígenas "estão cada vez mais fortalecidos" com a volta ao poder do esquerdista, que já governou o Brasil entre 2003 e 2010.

A grande maioria dos indígenas apoiou a candidatura de Lula contra Bolsonaro, que cumpriu a promessa de não demarcar "nem um centímetro a mais" dos territórios indígenas e estimulou a agricultura e o extrativismo nessas áreas.

Após três meses no poder, o presidente de esquerda sofre pressões de lideranças indígenas, embora Raoni tenha se mostrado esperançoso com as promessas do novo governo.

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, anunciou recentemente que em breve serão aprovadas 14 novas reservas indígenas, com uma área total de 1,5 milhão de hectares.

Raoni participou nesta terça-feira da 19ª edição do acampamento Terra Livre, encontro de indígenas de todo o país, cujo lema este ano é "Sem demarcação, não há democracia".

O encontro, realizado em um campo próximo à emblemática Esplanada dos Ministérios, no coração político de Brasília, começou na segunda-feira (24) e segue até sexta-feira (28).


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