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Estado de Minas BELO HORIZONTE

Subsídio dos ônibus: nova reunião entre Fuad e Gabriel termina sem decisão

Projeto de lei que prevê subsídio às concessionárias recebeu novas propostas da CMBH; prefeitura quer mais tempo para analisar o texto


26/04/2023 17:00 - atualizado 26/04/2023 20:09

Vereador Gabriel Azevedo em pé, com um papel na mão, olhando para a foto sorrindo
Gabriel pede que prefeitura determine um valor para as passagens em caso de aprovação do subsídio (foto: Bernardo Estillac)
Nesta quarta-feira (26/4), a segunda reunião em dias consecutivos entre o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), Gabriel Azevedo (sem partido), e o prefeito Fuad Noman (PSD) terminou ainda sem um acordo sobre o Projeto de Lei (PL) 538/2023, que trata do subsídio dos ônibus da capital. O chefe do Executivo pediu mais tempo para analisar as propostas apresentadas ontem. As passagens em BH tiveram aumento de 33,3% e custam R$ 6 desde o último domingo (23/3).

Em entrevista após a reunião, Gabriel afirmou que o empecilho principal para que as partes cheguem a um acordo é que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) determine um valor exato para as passagens caso o subsídio de mais de R$ 476 milhões previsto no PL seja aprovado na Câmara.

Em reunião na tarde de ontem, Gabriel apresentou a Fuad um substitutivo do PL 538/2023 que apresentava, entre outras propostas, que a passagem dos ônibus retornasse a R$ 4,50 diante de sua aprovação. O projeto original, enviado pela PBH à Câmara no início do mês não determina um valor específico para a tarifa. 

Ontem, em entrevista após a reunião, Fuad evitou falar sobre o valor da passagem se o PL fosse aprovado. Ele afirmou que ainda é necessário fazer cálculos e que o valor da tarifa é inversamente proporcional ao do subsídio. O prefeito não falou com a imprensa depois da negociação de hoje por compromissos médicos.
Sobre as demais propostas do Legislativo, Gabriel disse que todas foram aceitas pelo prefeito. As medidas incluem renovação da frota; tarifa zero para moradores de vilas e favelas; o passe livre estudantil integral; passe livre para pessoas com deficiência; sistema de integração entre transporte e serviços de saúde; e auxílio transporte para pessoas em vulnerabilidade social. 

O PL 538/2023, de autoria da PBH, prevê um subsídio de mais de R$ 476 milhões às concessionárias de ônibus da capital. Segundo a prefeitura, à sua aprovação está atrelada à redução do preço da passagem.
Na última quarta-feira (19/4), quando foi feito o anúncio do aumento de 33,3% da passagem, a prefeitura disse que a demora da Câmara em apreciar o PL 538/2023 foi um fator levado em conta para o reajuste, já que as empresas não conseguiam arcar com os custos operacionais. O tempo de vigência da tarifa a R$ 6 foi relacionado à votação do projeto.

Se não houve um avanço concreto na reunião desta quarta, uma nova proposta foi apresentada ao prefeito. Enviada pela Comissão de Mulheres da Câmara Municipal, a proposta do “Auxílio Transporte Mulher”, que prevê ampliar o acesso ao transporte a mulheres em situação de violência econômica e social até a rede de serviço de atendimento em caso de agressão.

Tramitação do PL


O tempo pedido pela PBH atrasa ainda mais a aprovação do PL 538/2023 na Câmara e o inviabiliza como alternativa principal para reduzir o valor das passagens. Para que seja aprovado, o projeto ainda deve seguir todo o rito da casa legislativa e o impasse adia a previsão de que a aprovação poderia acontecer na segunda semana de maio.

Ainda antes de enviar o texto do PL a plenário, o presidente da Câmara ainda deve agendar uma audiência pública para discutir o tema, compromisso firmado com o movimento Tarifa Zero. Só então, e diante de uma definição da PBH, o projeto irá para votação em primeiro turno, depois retorna às comissões especiais da CMBH, para então ir para segundo turno e, se aprovada, partir para sanção do prefeito.


Valor final da tarifa


Motivo para a manutenção do impasse entre Executivo e Legislativo, o valor final da passagem foi apontado por Gabriel Azevedo como ponto crucial para que o PL 538/2023 seja votado na Câmara. O vereador afirmou que não seria possível apreciar o projeto sem uma garantia de qual seria o preço da tarifa após uma eventual aprovação e também disse que o cálculo utilizado pela prefeitura para chegar ao valor de cerca de R$ 476 milhões de subsídio não foi bem explicado.

“É a pergunta que eu estou fazendo desde o início. Quanto custa o quilômetro rodado? Quanto é que fica a passagem? Olha, é uma regra de três, matemática lá do Ensino Fundamental: se X, a passagem custa Y. Se Z, a passagem custa A. É simples assim. Ou seja, esse valor que está aqui hoje garante quanto na tarifa? Porque aí nós vamos saber o seguinte: se aportar mais R$ 100 milhões, a passagem cai mais, se aportar menos R$ 100 milhões, ela cai menos. Nós precisamos chegar nesse denominador, nessa variável da equação que qualquer estudante de matemática básica vai saber, mas, no momento, o X da Questão ainda não apareceu. Quanto a passagem vai custar se o subsídio for aprovado”, disse o vereador.

Ainda de acordo com Gabriel. as contrapartidas apresentadas pela Câmara no texto substitutivo do PL teriam custo total de R$6.760.566,87. O vereador afirmou que o valor foi considerado pela prefeitura como pequeno diante dos benefícios que elas representam para a sociedade. 


Projeto de resolução


Diante do pedido de mais tempo de análise para definir um valor da tarifa após aprovação do PL do subsídio, Gabriel Azevedo afirmou que o Projeto de Resolução em tramitação na Câmara passa a ser a principal ferramenta para reduzir o preço das passagens na capital.

O projeto foi protocolado na CMBH na terça-feira (25/4), data a partir da qual passam a contar cinco dias úteis para que seja formada uma comissão especial com cinco vereadores. O grupo pode, em no mínimo 48 horas, elaborar um parecer que é enviado a plenário e deve receber 21 votos favoráveis para que a medida seja aprovada e o reajuste seja cancelado imediatamente. A previsão é que todo o processo seja finalizado até a segunda semana de maio.

“Sob a minha perspectiva, o mais urgente é a votação do Projeto de Resolução, porque ele pode sustar a tarifa, com menor prazo. De qualquer forma, ele obviamente não resolve a situação. Ele não traz qualidade, que é o que eu tanto quero com outros colegas vereadores. Ele não cria um modelo mais sustentável”, disse Gabriel, fazendo ressalvas ao processo em relação ao PL do subsídio. 


Anulação de contrato


Uma terceira via que modifica a cobrança das passagens em Belo Horizonte e já tramitando na Câmara Municipal é o rito de anulação do contrato vigente com as empresas de transporte da cidade. No início do mês, Gabriel concedeu uma entrevista coletiva anunciando que seria iniciado o trâmite que pode conceder ao Legislativo a possibilidade de suspender a relação atual entre município e concessionárias.

O rito é baseado em um relatório do Ministério Público de Contas que aponta irregularidades no contrato atual. O processo está atualmente a cargo do vereador Bráulio Lara (Novo), que é o presidente da Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços na CMBH.

Caso o contrato seja anulado, novas licitações devem ser feitas e uma das propostas da Câmara é que a PBH encampe o transporte coletivo da cidade enquanto novas empresas não assumem o serviço.


Rodrigo Pacheco


Durante a reunião de hoje, Fuad solicitou que Gabriel Azevedo tente uma agenda emergencial em Brasília com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O intuito do encontro é articular a aprovação do PL 3278/2021 para conseguir recursos que subsidiem o sistema de coletivos de BH.


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