O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), apontou alguns erros do Partido dos Trabalhadores - sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - ao montar sua base de governo no Congresso Nacional. Para Lira, já está comprovado que a troca de ministérios por apoio no Congresso "não vai dar certo".
Em entrevista ao jornal O Globo, Lira disse que as polêmicas emendas parlamentares poderiam resolver o apoio que o governo precisa no Congresso, sem a necessidade de envolver cargos em ministérios.
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Para o presidente da Câmara, o orçamento negociado pelas emendas de relator - que o Supremo Tribunal Federal (STF) limitou o uso e considerou inconstitucional - é "mais democrático se decidido por 600 parlamentares do que por dez ministros". Na avaliação de Lira, a falta de emendas de relator atrapalha a governabilidade.
"Eu sempre disse que o orçamento é muito mais democrático se decidido por 600 parlamentares do que por dez ministros. Me elegi sem RP-9 (emendas de relator) e tenho tido uma boa relação sem ela. Não interfere em nada na minha vida. Mas, na governabilidade, sim. Sabemos o que os partidos querem: favorecimento de obras e serviços públicos para aumentar o seu escopo político e atender as suas bases. O governo precisa se organizar, mais especificamente a Secretaria de Relações Institucionais.", avaliou.
As emendas de relator, identificadas como RP-9 nos dados do Congresso Nacional, são uma ferramenta que permite aos parlamentares o requerimento de verba da União sem detalhes como identificação ou mesmo destinação dos recursos.
O orçamento secreto ficou conhecido pela falta de transparência e por beneficiar, com recursos, apenas alguns parlamentares. Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o orçamento secreto virou moeda de troca entre o governo federal e o Congresso Nacional.
Ao ser questionado sobre o ministro Alexandre Padilha, titular do ministério de Relações Institucionais, Lira disse que ele tem "tido dificuldades" na articulação política. Para ele, o governo precisa "descentralizar mais" e confiar nos políticos fora da base de governo.
"Um sujeito fino e educado, mas que tem tido dificuldades. Não tem se refletido em uma relação de satisfação boa. Talvez a turma precise descentralizar mais, confiar mais. Se você centraliza, prende muito. Há muita dificuldade, talvez pelo tempo que o PT passou fora do poder.", disse.