O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reunirá nesta terça-feira (2/5) em Brasília com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, para discutir a crise econômica no país vizinho.
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"A gente vem discutindo já há algum tempo o que chama de crédito para exportação. É um financiamento às empresas brasileiras que vendem para a Argentina e são essas empresas que importam serviços e mercadorias do Brasil", disse o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, em entrevista à Globonews.
Segundo ele, a pasta econômica estuda como viabilizar esse crédito para exportação dadas as restrições que existem hoje nos balanços de pagamentos na Argentina. De acordo com Galípolo, o Brasil tem 210 empresas que comercializam com a Argentina, principalmente produtos industriais, que possuem maior valor agregado.
"Nos últimos cinco anos, por ausência de mecanismos do Brasil de financiamento das exportações brasileiras e das importações argentinas, nós perdemos aproximadamente US$ 6 bilhões de espaço na balança comercial", afirmou o número 2 da Fazenda.
"Essas linhas de exportação são financiamentos que pagam diretamente às empresas brasileiras. O risco e a complexidade da situação é menos um risco tradicional de financiamento, que é quando você financia uma empresa e não sabe se a empresa vai conseguir vender ou não, porque a demanda pelos produtos existe", acrescentou.
De acordo com Galípolo, o principal problema é a conversibilidade da moeda. "Ele vai vender em pesos na Argentina. Quando ele tiver que pagar esse financiamento do lado de cá, o que vai acontecer é que tem problema de conversibilidade. Será que o volume de pesos que foi auferido com a venda, ao converter para real, vai ser suficiente para pagar a dívida?"
"Toda a complexidade da estrutura é como consigo resolver o problema da conversibilidade em um comércio que é realizado hoje por uma moeda de um terceiro país não participante desse comércio", continuou.
A reunião entre Lula e Fernández deve ocorrer às 17h no Palácio da Alvorada, seguida de um jantar. O encontro será realizado menos de duas semanas depois de o presidente da Argentina anunciar que não irá disputar a reeleição no pleito deste ano do país vizinho. Um dos possíveis candidatos é o embaixador argentino no Brasil, Daniel Scioli.
A recondução de Fernández à frente da Casa Rosada era considerada improvável pelos baixos índices de popularidade registrados devido à grave crise econômica e ao crescimento da pobreza que marcam seu governo.
Fernández é desaprovado por 71% dos argentinos, a maior rejeição na série histórica de 17 anos da consultora Poliarquía, que divulgou o número no dia 20 de abril.
Fernández é um dos principais aliados de Lula no âmbito internacional. Foi até mesmo para a Argentina a primeira viagem do chefe do Executivo em seu terceiro mandato.
O presidente da Argentina também voltará ao Brasil no fim de maio para um encontro informal que Lula está organizando para discutir a integração na América do Sul com outros chefes de Estado da região.