A expectativa do governo brasileiro é que a conversa sirva para avançar na negociação de medidas econômicas para ampliar as parcerias comerciais entre as duas nações. Uma das ações que vem sendo debatida entre as equipes econômicas de cada país é a criação de estímulos a empresas brasileiras que exportam para a Argentina.
"A gente vem discutindo já há algum tempo o que chama de crédito para exportação. É um financiamento às empresas brasileiras que vendem para a Argentina e são essas empresas que importam serviços e mercadorias do Brasil", disse o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, em entrevista à Globonews.
Segundo ele, a pasta econômica estuda como viabilizar esse crédito para exportação dadas as restrições que existem hoje nos balanços de pagamentos na Argentina. De acordo com Galípolo, o Brasil tem 210 empresas que comercializam com a Argentina, principalmente produtos industriais, que possuem maior valor agregado.
"Nos últimos cinco anos, por ausência de mecanismos do Brasil de financiamento das exportações brasileiras e das importações argentinas, nós perdemos aproximadamente US$ 6 bilhões de espaço na balança comercial", afirmou o número 2 da Fazenda.
"Essas linhas de exportação são financiamentos que pagam diretamente às empresas brasileiras. O risco e a complexidade da situação é menos um risco tradicional de financiamento, que é quando você financia uma empresa e não sabe se a empresa vai conseguir vender ou não, porque a demanda pelos produtos existe", acrescentou.
De acordo com Galípolo, o principal problema é a conversibilidade da moeda. "Ele vai vender em pesos na Argentina. Quando ele tiver que pagar esse financiamento do lado de cá, o que vai acontecer é que tem problema de conversibilidade. Será que o volume de pesos que foi auferido com a venda, ao converter para real, vai ser suficiente para pagar a dívida?"
"Toda a complexidade da estrutura é como consigo resolver o problema da conversibilidade em um comércio que é realizado hoje por uma moeda de um terceiro país não participante desse comércio", continuou.
A reunião entre Lula e Fernández deve ocorrer às 17h no Palácio da Alvorada, seguida de um jantar. O encontro será realizado menos de duas semanas depois de o presidente da Argentina anunciar que não irá disputar a reeleição no pleito deste ano do país vizinho. Um dos possíveis candidatos é o embaixador argentino no Brasil, Daniel Scioli.
A recondução de Fernández à frente da Casa Rosada era considerada improvável pelos baixos índices de popularidade registrados devido à grave crise econômica e ao crescimento da pobreza que marcam seu governo.
Fernández é desaprovado por 71% dos argentinos, a maior rejeição na série histórica de 17 anos da consultora Poliarquía, que divulgou o número no dia 20 de abril.
Fernández é um dos principais aliados de Lula no âmbito internacional. Foi até mesmo para a Argentina a primeira viagem do chefe do Executivo em seu terceiro mandato.
O presidente da Argentina também voltará ao Brasil no fim de maio para um encontro informal que Lula está organizando para discutir a integração na América do Sul com outros chefes de Estado da região.