Ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou à reportagem que aliados do ex-presidente estão "assustados" e "muito surpresos".
"Estamos um pouco assustados com isso, mas estamos tentando tomar conhecimento do que realmente tem. Não costumo contestar decisões da Justiça, mas estamos todos muito surpresos", disse.
"Estamos assim um pouco sem acreditar numa operação de busca e apreensão na casa de um ex-presidente da República. Estamos tentando entender os motivos. Nossa total solidariedade ao presidente", completou.
Pouco depois da operação de busca e apreensão em sua residência, Bolsonaro seguiu para a sede do seu partido, o PL, em Brasília.
Alguns aliados foram até o local para se reunir com o ex-presidente. Bolsonaro esteve com seus filhos Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
O ex-ministro da Cidadania João Roma (PL-BA) chegou ao local falando no telefone celular e disse que não iria comentar. Também não quis comentar a situação o deputado federal e ex-chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem (PL-RJ).
O líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), insinuou que havia caráter político na operação da PF, autorizada pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes.
O deputado federal afirmou que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em um mau momento, sofrendo derrotas no Congresso Nacional, ao mesmo tempo em que Bolsonaro estaria demonstrando sua popularidade.
"No mais a gente fica perplexo porque na política a gente nunca quer ligar os fatos, mas o governo teve uma derrota ontem. Nós queremos aprovar um texto das Fake News, mas o governo teve uma derrota ontem, foi aberta a CPMI do dia 8 de janeiro, Bolsonaro foi na Agrishow e teve a população toda abraçando ele", afirmou ao chegar à sede do PL.
"E chega agora e acontece um fato como esse. Então a gente fica perplexo com uma situação dessa e muito chateado", completou o deputado.
Ao sair do encontro, o parlamentar disse que Bolsonaro está "forte", mas que há um sentimento de injustiça.
Altineu Côrtes reforçou que Jair Bolsonaro e sua filha não foram vacinados. Disse ainda que a filha do mandatário não recebeu a imunização por ser alérgica.
O deputado federal Daniel Freitas (PL-SC) também insinuou que se trata de uma cortina de fumaça.
"Montaram um show de pirotecnia por causa de cartão de vacinação, o qual já foi revirado e analisado diversas vezes e nada irregular fora encontrado. Cortina de fumaça? Retaliação? Siga firme, presidente", escreveu em suas redes sociais.
O senador Cleitinho (Republicanos-MG), que apoiou Bolsonaro durante as eleições, disse que ainda estava buscando mais informações sobre a operação, mas defendeu as investigações. "Deixa investigar. Quem não deve não teme", disse à reportagem.
A ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos de Bolsonaro, Damares Alves (Republicanos-DF), também preferiu não comentar e disse que ainda era preciso entender os motivos da ação da PF.
Além da operação de busca e apreensão na casa de Bolsonaro, a PF também prendeu seus ex-assessores Mauro Cid e Max Guilherme.
De acordo com a Polícia Federal, os alvos da investigação teriam realizado as inserções falsas entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 para que os beneficiários pudessem emitir certificado de vacinação para viajar aos Estados Unidos.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo apurou, há suspeita de que os registros de vacinação de Bolsonaro, Cid e da filha mais nova do ex-presidente, Laura, foram forjados.