O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o Tenente-Coronel Mauro Cid, prestou depoimento para a Polícia Federal (PF) na tarde desta quarta-feira (3/5) mas optou por ficar em silêncio. Cid foi preso preventivamente e é investigado no âmbito da Operação Venire, que apura um esquema de fraude no cartão de vacinação, inclusive o do ex-presidente e da sua filha mais nova, Laura Bolsonaro.
O militar teria inserido dados falsos de imunização contra a COVID-19 no sistema do Ministério da Saúde. A PF suspeita que as informações foram inseridas nos registros do Sistema Único de Saúde do ex-presidente para emitir um certificado para viajar aos Estados Unidos. Os investigados teriam realizado as inserções falsas entre os dias 21 e 22 de dezembro de 2022.
Mauro Cid e outros dois familiares também tiveram seu cartão de vacinação fraudados. As inserções falsas foram feitas em Duque de Caxias (RJ), mas cerca de cinco meses após a suposta imunização dos envolvidos, o que causou estranheza nos investigadores já que o registro é feito na hora em que a pessoa é imunizada.
Na casa de Mauro Cid a PF também apreendeu U$ 35 mil (R$ 175 mil) em dinheiro vivo. As investigações ainda vão apurar a origem do dinheiro. Os valores foram apreendidos junto a aparelhos de celular, computadores e itens de armazenamento de arquivos de informática. As apreensões ocorreram por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
PF na casa de Bolsonaro
O ex-presidente Bolsonaro também recebeu agentes da PF em sua casa, em Brasília, na manhã desta quarta. Em entrevista à Jovem Pan, ele diz não saber quem teria fraudado seu cartão de vacinação e detalhou a abordagem dos agentes.
Segundo Bolsonaro a interação com os policiais foi muito cordial e ele foi tratado muito bem. “Por volta das 6h15 da manhã tocaram a campainha. Ao entrarem, fui tratado muito bem. Em nenhum momento houve um exagero, voz mais alta, falta de educação, muito pelo contrário”, destacou Bolsonaro, que disse ter sentido constrangimento em alguns policiais.
“Perguntei o motivo e falei que a casa estava à disposição. Então eles fizeram uma varredura na casa, buscando documentos, mídias sociais. Pegaram meu telefone e perguntaram a senha e eu falei ‘olha, meu telefone nunca teve senha' ", continuou Bolsonaro, que ainda disse que confessou não ter se vacinado, principalmente após ter lido a “bula da Pfizer”.
Bolsonaro também afirmou que não se surpreenderia se alguém tivesse adulterado seu cartão de vacinação, com o intuito de lhe prejudicar. “A situação atual do Brasil, eu acho que a pessoa tem que ser muito desinformada para se surpreender com alguma coisa”, disse.
Dois assessores especiais, seguranças do ex-presidente Bolsonaro, e um ex-secretário de saúde do RJ foram presos. Segundo a Polícia Federal, os fatos configuram em tese os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.