Jornal Estado de Minas

OPERAÇÃO VENIRE

As suspeitas e os investigados na operação da PF sobre fraude de vacinas

A Operação Venire, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quarta-feira (3/5) colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mais uma vez na mira da Justiça. A corporação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes a cumprir 16 mandados de busca e apreensão e seis de prisão, distribuídos entre o Distrito Federal e o Rio de Janeiro.





De acordo com a PF, os suspeitos constituíram uma associação que inseria dados falsos de vacinação contra a COVID-19 nos sistemas de registros do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a corporação, os alvos da operação teriam realizado as fraudes entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 e a suspeita é de que as adulterações tinham como objetivo viabilizar viagens aos Estados Unidos, que exigem um passaporte sanitário a visitantes estrangeiros.

Ainda de acordo com a Polícia Federal, outro objetivo do grupo seria manter a coesão em relação à pauta ideológica antivacina do grupo associado ao bolsonarismo. Durante a pandemia, Jair Bolsonaro repetiu reiteradamente discursos desincentivando a adesão às vacinas contra a COVID e disse que não tomaria ou levaria sua filha mais nova para se proteger do coronavírus.

A investigação trabalha com duas tentativas de inserção de dados no sistema do Ministério da Saúde. Uma delas foi feita em 21 de dezembro de 2022, às vésperas de uma viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos. Com os dados, o ex-presidente passaria a ter duas doses da vacina Pfizer, que ele próprio negou ter tomado por ter “lido a bula” do imunizante.





De acordo com trechos da investigação citados na decisão de Alexandre de Moraes, um fato que gerou suspeita foi a inserção de registros de vacinação de Jair Bolsonaro e sua filha nos dias 21 e 22 de dezembro de 2022, cerca de 2 a 5 meses após as datas em que a imunização teria acontecido. Como as informações são repassadas ao sistema do Ministério da Saúde de forma imediata, o intervalo longo causou estranheza.

De acordo com as investigações, há suspeitas de fraude no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro, Laura Bolsonaro, do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, sua esposa e filha.

Segundo a PF, os possíveis crimes associados aos atos investigados são: infração de medida sanitária preventiva; associação criminosa; inserção de dados falsos em sistemas de informação; e corrupção de menores.

Quem foi alvo de busca e apreensão

Ao todo foram 16 alvos de busca e apreensão na Operação Venire nesta quarta. O mais relevante é o ex-presidente Bolsonaro, que teve o celular recolhido pela PF. Conforme apurado pelo Estado de Minas, o aparelho apreendido é inserido em software utilizado para destrinchar as informações nele armazenadas desde a fábrica.





As informações encontradas em aparelhos eletrônicos, por exemplo, podem ser uma chave para que outros crimes sejam investigados. Como todos os dados passam por uma análise, mesmo que não tenham relação à operação em questão, indícios de infrações relacionadas a demais conteúdos podem passar a ser alvo de novo inquérito.

Os alvos de busca são:

  • Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República
  • Tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
  • Gabriela Santiago Ribeiro Cid, esposa de Mauro Cid
  • Gutemberg Reis de Oliveira, deputado federal pelo MDB-RJ
  • Luís Marcos dos Reis, sargento do Exército, ex-integrante da equipe de Mauro Cid
  • Farley Vinicius Alcântara, médico que teria envolvimento no esquema
  • João Carlos de Sousa Brecha, secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ)
  • Max Guilherme Machado de Moura, segurança de Bolsonaro
  • Sergio Rocha Cordeiro, segurança de Bolsonaro
  • Marcelo Costa Câmara, assessor especial de Bolsonaro
  • Eduardo Crespo Alves, militar
  • Marcello Moraes Siciliano, ex-vereador do RJ
  • Ailton Gonçalves Moraes Barros, candidato a deputado estadual pelo PL-RJ em 2022
  • Camila Paulino Alves Soares, enfermeira da prefeitura de Duque de Caxias
  • Claudia Helena Acosta Rodrigues Da Silva
  • Marcelo Fernandes de Holand

Presos

Ao todo foram seis presos pela operação nesta quarta. O principal deles é o tenente-coronel Mauro Cid, braço-direito de Bolsonaro, de quem foi ajudante de ordens durante o mandato na presidência.

Também destacam-se o secretário de governo de Duque de Caxias-RJ, cidade onde uma possíveis fraudes são investigadas e de Ailton Barros, candidato a deputado estadual pelo PL no Rio de Janeiro concorrendo sob a alcunha de “01 de Bolsonaro”.

Quem são os presos:

  • Tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro;
  • Policial militar Max Guilherme, assessor especial e segurança de Bolsonaro;
  • Sérgio Cordeiro,  assessor especial e segurança de Bolsonaro;
  • Secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha;
  • Sargento do Exército Luís Marcos dos Reis, ex-integrante da equipe de Mauro Cid;
  • Ailton Gonçalves Moraes Barros, candidato a deputado estadual pelo PL-RJ em 2022.