O senador Eduardo Girão (Novo-CE) voltou a trazer à tona o boneco de um feto durante discurso contrário ao aborto. Em evento de grupos conservadores na manhã deste sábado (6/5) na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, o parlamentar afirmou que presenteou diversas autoridades em Brasília com o objeto.
“Quando você mostra você materializa. Eu já entreguei esse bebezinho para ministros do Supremo em sabatinas no Senado. Eu vou dizer uma coisa para vocês, ali no Senado eu já entreguei para pelo menos uns 80% dos senadores. Eu fui de gabinete em gabinete logo que cheguei no Senado”, disse o senador durante palestra.
Girão foi um dos palestrantes convidados do congresso “Vida, Família e Liberdade”, organizado pelo Mova Brasil e com participação de Uner Augusto (PRTB), ex-vereador de BH e suplente de Nikolas Ferreira na Câmara da capital.
A réplica do feto causou alvoroço há duas semanas quando o senador ofereceu o boneco ao ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, durante uma audiência no Senado Federal, que negou receber o objeto.
Na ocasião, Almeida chamou o gesto do parlamentar de “escárnio” e disse que recusaria receber o boneco em respeito à sua filha, que está sendo gestada. “Eu sei muito bem o que significa isso. É uma performance que eu repudio profundamente. Isso pra mim, com todo respeito, é uma exploração inaceitável de um problema muito sério que temos no país. Em nome da minha filha que vai nascer, me recuso a receber isso”, afirmou.
O senador disse que o ministro pode ter se sentido constrangido e considerou a recusa um gesto “um pouco agressivo”. Girão reiterou que já ofereceu a réplica do feto a diversas autoridades como um ato “pró-vida” e que o presente nunca havia sido negado.
Evento em BH
Em entrevista ao Estado de Minas, Eduardo Girão afirmou que considera Belo Horizonte uma referência para o surgimento de novas lideranças conservadoras, fez críticas ao PL das Fake News e ao Supremo Tribunal Federal (STF) e comentou sobre os próximos passos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
Girão classificou os atos golpistas em Brasília como “deploráveis” e disse que a próxima semana é decisiva para a formação da CPMI. Ele criticou a rejeição do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) às questões de ordem da oposição sobre a composição da comissão, mas se mostrou otimista em relação às investigações.
“O presidente Rodrigo Pacheco, numa decisão casuística, para beneficiar o governo Lula no meu modo de entender, retirou o direito líquido e certo do Novo, inclusive. Nós entramos no STF, porque a oposição teve duas vagas retiradas. Mas nós vamos lutar até o fim para mostrar a verdade para o povo brasileiro. Independente de quem errou por ação ou por omissão. Seja de direita, seja de esquerda”, afirmou à reportagem.