Após a suspensão do nível máximo de alerta global para a COVID-19, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, avalia que as decisões tomadas por seu antigo chefe, Jair Bolsonaro (PL), acerca da pandemia foram racionais e políticas. Em entrevista ao Estado de Minas, o médico criticou a forma como o ex-presidente conduziu a questão sanitária no país.
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Ministra Marina Silva é internada com COVID e sinusiteSenadores da CPI da COVID celebram fim da emergência globalQue crimes Bolsonaro pode ter cometido caso se confirme falsificação do certificado de vacina contra covidMinistra da Saúde fará pronunciamento sobre COVID e vacinação neste domingoMandetta foi demitido do cargo de ministro após pouco mais de dois anos à frente da pasta, em abril de 2020, após se recusar a seguir a linha negacionista de Bolsonaro sobre a pandemia. Na visão do médico, 350 mil mortes, cerca de metade do total, poderiam ter sido evitadas no Brasil caso o então presidente não tivesse politizado o tema e difundido o caos informacional.
Nesta sexta-feira (5/5), a Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendeu o nível máximo de alerta para a COVID-19. Segundo o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a doença não é mais considerada uma emergência sanitária de alcance internacional.
Mandetta foi o primeiro nome a assumir o ministério da Saúde sob a gestão Bolsonaro no Palácio do Planalto. Após sua demissão o médico oncologista Nelson Teich ocupou a cadeira durando menos de um mês por divergências similares com o presidente. No lugar dele, assumiu o general da ativa do Exército, Eduardo Pazuello, que ficou à frente da pasta entre maio de 2020 e março de 2021.
Sob Pazuello, o Ministério da Saúde oficializou medidas como o uso da cloroquina como tratamento da COVID-19 e o país viveu o período mais crítico da pandemia, acumulando recordes na média de mortes causadas pela doença. Pressionado por parlamentares, Bolsonaro demitiu o militar e, em seu lugar, escalou o médico Marcelo Queiroga, seu quarto e último ministro da Saúde.
Na visão de Mandetta, Pazuello chegou ao ministério através de uma intervenção militar que tinha como objetivo ter na pasta um nome subserviente ao governo federal na forma de gerenciar a pandemia.
"Fizeram uma intervenção militar no Ministério da Saúde, com o que tem de mais desqualificado no Exército, o pessoal de logística. Se o Exército tem generais da área da saúde, por que não colocaram um deles? Porque queriam uma pessoa servil, que sem compromisso com o combate à Covid-19. Foi uma decisão política que levou muitas pessoas à morte. E não foi decisão política tomada sem ter sido avisado. Fizemos três cenários, e o cenário mais pessimista que projetamos, foi exatamente aquele que Bolsonaro escolheu: o caos informacional e a desarticulação do sistema de saúde. Bolsonaro foi para esse cenário de forma completamente consciente. E eu mandei por escrito", diz Mandetta.
Com mais de 701 mil mortes, o Brasil é o segundo país que mais registrou óbitos pela COVID-19, atrás apenas dos Estados Unidos, que tiveram mais de 1,1 milhão de perdas pelo novo coronavírus. Em todo o mundo, foram 6,9 milhões de mortes.