O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou nesta quarta-feira (10/5) sobre a retirada das grades metálicas de proteção que cercavam a frente do Palácio do Planalto. O chefe do Executivo desceu a rampa para conferir a remoção, que ocorre cerca de 10 anos após a instalação. As grades não fixas estavam no local desde 2013, por ocasião dos protestos contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), e foram mantidas pelas gestões seguintes, de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).
"Essa grade foi tirada para simbolizar o seguinte: a democracia voltou neste país. O Palácio não precisa estar cercado de grade. Não é que estou inseguro, é que eu tenho certeza absoluta que a democracia não suporta grades. Eu era contra o Muro de Berlim, eu sou contra o muro entre Israel e Palestina. Sou contra o muro que o (Donald) Trump tentava construir no México. E sou contra o muro aqui na frente do Palácio", disse Lula a jornalistas.
"Se os irresponsáveis que tentaram dar o golpe quiserem fazer barulho, vão ser tratados de acordo com o comportamento deles", completou. "A gente não precisa estar cercado. Cada um cuida do seu. Se a Suprema Corte (STF) quiser tirar, eu acho que não precisa [de grade]. Não precisa, porque nós temos segurança. Só não pode negligenciar como da outra vez."
Questionado se retiraria os gradis também do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso, o petista disse que não poderia decidir pelos outros Poderes.
"Vou conversar para ver a possibilidade de tirar dos Três Poderes, mas a Suprema Corte e o Congresso são quem decidem, cada um decide. É que eu acho que é um exemplo para o Brasil. Estamos ou não estamos vivendo em um regime democrático? Não ficou mais bonito o Planalto sem aquela mureta de grades? Vai ficar mais bonito, você poder tirar fotografia."
Alvorada
Ainda segundo Lula, "a democracia não exige muro, não precisa de muro". "Quis tirar da minha casa, vou tirar aquela muralha na frente do Alvorada. Eu vou tirar, depois a segurança que veja como ela cuida para evitar qualquer problema, porque nunca teve. As pessoas iam na porta do Alvorada protestar", recordou.
"Se eu quisesse cercar o povo, não permitir que ele faça protesto, não tem sentido a democracia. Aquilo foi feito em um momento que o PT já não mandava mais no país, na gestão do Temer. Significa que quem faz coisa errada tem medo. Ficou durante toda a gestão do coisa", acrescentou em referencia ao ex-presidente Bolsonaro.
Mais cedo, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, afirmou que a retirada ocorreu após um pedido do presidente da República.
"O presidente Lula solicitou a retirada das grades aqui e no Itamaraty. O momento que o país está vivendo, de união e reconstrução, não pode ter esse gradil, não combina com as grades. Ele já tinha essa vontade, esse desejo", disse.