O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), marcou presença na 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, em São Paulo, nesse sábado (13/5). O evento é idealizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que ganhou elogios e a defesa do governista contra a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar as recentes invasões de terra promovidas pelo grupo.
Alckmin não discursou no palco do evento, mas circulou entre os expositores, experimentou produtos e tirou fotos com apoiadores. Em entrevista, o vice-presidente destacou o apoio do governo à principal reivindicação do grupo. “O governo do presidente Lula, todos nós, defendemos a reforma agrária. Ela é importante. Aliás, São Paulo a faz há mais de 30 anos”, declarou Alckmin.
Na feira, o MST expõe 500 toneladas de alimentos produzidos por famílias Sem Terra de assentamentos e acampamentos do movimento espalhados em todo país. Para Alckmin, o evento é importante para demonstrar um “trabalho sério, que pouca gente conhece”.
Ainda quando era governador de São Paulo, pelo PSDB, Alckmin chegou a criticar as invasões de propriedade promovidas pelo grupo, ao mesmo tempo que dizia apoiar a reforma agrária no estado. “Eu sempre venho às feiras. A primeira vez foi em 2013, quando eu era governador. Havia uma resistência quanto a eles [sem terra] usarem o Parque da Água Branca. Nós autorizamos e eu vim”, disse.
O movimento do vice-presidente mostra uma aproximação do governo com o MST, que tem enfrentado pressão de setores do agronegócio, de deputados ruralistas e de governadores. O grupo é um aliado histórico do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Pl), mas a CPI que vai investigar as invasões de terra no chamado “Abril Vermelho” pode ser usada como munição da oposição em uma tentativa de desgastar a imagem dos governistas.
CPI
Alckmin contestou a decisão da Câmara dos Deputados de criar uma CPI para investigar o MST. Para o vice-presidente, o Brasil já tem muitos órgãos de fiscalização e a função do Congresso é legislar e aprofundar o debate em questões como a reforma tributária. “Sou muito cauteloso com esta história de CPI. O trabalho do legislativo é legiferante, não policialesco. Sou muito cauteloso em relação a qualquer CPI”, disse.
Outros governistas também criticaram a instalação da CPI. O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, por exemplo, afirmou que o colegiado vai achar “coisas interessantes” e destacou o trabalho de agricultura promovido pelo grupo. “Vão ver que ali [nos acampamentos e assentamentos do movimento], tem suco de uva que não tem trabalho escravo. Vão encontrar produtos que não têm agrotóxicos. Vão encontrar soja não transgênica”, afirmou.
Já a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-SP), afirmou ainda no final de abril, que a CPI só vai “criminalizar o movimento social e dar voz à extrema-direita”, além de ter questionado o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por ter criado a comissão. “Muito ruim, o Congresso precisa trabalhar nas pautas que interessam ao povo e para fazer o país crescer. Isso só tumultua e contribui para mais preconceito e ataques infundados. Toda solidariedade ao MST”, disse.