No momento em que se completam 20 de sua indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro Joaquim Barbosa afirmou que “Lula cometerá um grande erro se não escolher um ministro ou uma ministra negra”. O ex-ministro foi o terceiro negro da história da Corte, depois de Pedro Augusto Carneiro Lessa, que ocupou o cargo entre 1907 e 1921, e Hermenegildo de Barros entre 1919 e 1937.
“O governo também precisa um pouco mais de sobriedade. Tá seguindo a linha do Bolsonaro com muita propaganda. É preciso sentar e, com moderação, tomar as decisões importantes para o país sem necessidade de todo esse foguetório”, disse.
“Lula foi um ousado ao me nomear. O Brasil ainda vivia o mito da democracia racial. Seria um contrassenso e um paradoxo que, 20 anos depois, quando houve avanço nas políticas de igualdade racial iniciadas no primeiro governo Lula, e que também levaram a iniciativas privadas, que este governo não nomeie pelo menos um negro”, declarou Barbosa em entrevista ao jornal Valor Econômico.
Em sua fala, o ex-presidente do STF se refere à vaga aberta com a saída de Ricardo Lewandowski, em 11 de abril, e a que ainda ficará disponível em outubro com a aposentadoria da ministra e atual presidente, Rosa Weber.
Calmaria e sobriedade
Barbosa também disse na entrevista que o governo Lula precisa de mais sobriedade, se distanciando da linha seguida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele analisa que, mesmo a política tendo se tornado um espetáculo, o Brasil está saindo da “truculência dramática” que foi o governo Bolsonaro e merece um pouco mais de calmaria.
“O governo também precisa um pouco mais de sobriedade. Tá seguindo a linha do Bolsonaro com muita propaganda. É preciso sentar e, com moderação, tomar as decisões importantes para o país sem necessidade de todo esse foguetório”, disse.
Ele também criticou os “shows semanais” de Flávio Dino e alertou para o alinhamento do Brasil com a Argentina.
"Sabemos o que a Argentina quer do Brasil. É um dos grandes parceiros e temos que ser solidários, mas o país não deve assumir nenhuma responsabilidade, por razões ideológicas ou de camaradagem, com a Argentina porque os governos, no momento, têm sintonia política”.