O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pagou no ano passado R$ 260 pelo quilo do pescoço de galinha destinado a indígenas da Amazônia. O alimento superfaturado foi adquirido sem licitação e o valor é 24 vezes maior do que o preço médio de R$ 10,7 do mesmo item comprado em outros contratos do governo.
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'Dinheiro vivo era usado para pagar serviços pequenos', diz BolsonaroMichelle sobre Bolsonaro: 'Era muito pão duro'Bolsonaro depõe hoje sobre fraude no cartão de vacinaBolsonaro depõe neste momento na PF sobre fraude em seu cartão de vacinaçãoMichelle Bolsonaro vai depor à PF sobre os pagamentos em dinheiro vivoGleisi: 'Bolsonaro passou a vida mentindo para esconder os próprios podres'O pescoço de galinha foi comprado para indígenas da etnia Mura e funcionários da Funai numa missão em Manicoré, na floresta amazônica.
Em contato com a empresa responsável pela venda das carnes, o empresário disse que "tudo foi entregue conforme as notas fiscais emitidas e os preços levantados pela Funai", mas afirmou que não vendia pescoço de galinha.
"Carne de pescoço? Não existe isso aqui. Eu sei que é uma carne ruim demais. Só pode ter sido um erro das notas de pagamento,", disse o dono ao ser questionado sobre a explicação para ter vendido o alimento por R$ 260 o quilo.
Alimentos que nunca foram distribuídos
A coordenação regional da antiga Fundação Nacional do Índio (Funai) - atualmente Fundação Nacional dos Povos Indígenas -, no Rio de Madeira, na Amazônia, comprou também mais de uma tonelada alcatra, latas de presunto, charque, maminha e coxão duro que nunca foram distribuídas entre as famílias das aldeias, na época da pandemia da COVID-19.
Ao receberem as cestas básicas, os indígenas só encontraram arroz, feijão, macarrão, farinha de milho, leite e açúcar.
A empresa Loja do Crente Rei da Glória era a responsável por entregar as cestas. O empresário do estabelecimento não respondeu à reportagem.