O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, aproveitou nesta quinta (18/5) um evento sobre combate ao abuso infantojuvenil, no Palácio do Planalto, para criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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A cerimônia é uma das ações do 18 de Maio - Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Em carta lida no evento, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, também fez referência à declaração de Bolsonaro. "A parceria entre a sociedade civil e o Estado na reconstrução e execução das políticas de proteção para crianças e adolescentes é o único clima que pode pintar."
A primeira-dama, que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em viagem ao Japão para reunião do G7, enviou uma carta que foi lida na cerimônia. Os dois lembraram a expressão usada por Bolsonaro entre o primeiro e o segundo turno das eleições do ano passado, em que ele disse que "pintou um clima" com meninas venezuelanas. A declaração virou munição da campanha petista contra o então presidente e acabou o prejudicando eleitoralmente.
Em sua carta, Janja disse ainda que crianças e adolescentes estiveram recentemente mais expostos a violências devido à pandemia da Covid-19, "mas também pela postura de governantes que atuaram nos últimos anos contra o sistema de proteção da infância e adolescência".
"Agora, temos novamente um governo que compreende e assume que crianças e adolescentes são prioridade absoluta. Isso é escolher o direito à vida como política de Estado", completou Janja na carta -a expressão "direito à vida" é amplamente usada por militantes contrários ao aborto.
No evento desta quinta, o ministério de Silvio Almeida anunciou 12 medidas, dentre elas a assinatura do pacto global da ONU, Alana e Coalizão Brasileira pelo Fim da Violência contra Crianças e Adolescentes com o objetivo de fortalecer o engajamento de empresas na adoção de medidas efetivas para promover os direitos de crianças e adolescentes em todas as suas atividades.
O governo lançou também o Programa Mapear, para identificar pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes às margens das rodovias federais.
Pintou um Clima
Em 14 de outubro, durante entrevista a um podcast, Bolsonaro explorava uma temática recorrente de sua campanha, o suposto risco de o Brasil "virar uma Venezuela" caso Lula retornasse ao poder, quando relatou um encontro que teve com meninas do país vizinho em São Sebastião, na periferia do Distrito Federal.
"Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas num sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei, 'posso entrar na tua casa?' Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando - todas venezuelanas.
E eu pergunto: meninas bonitinhas, 14, 15 anos, se arrumando num sábado para quê? Ganhar a vida. Você quer isso para a tua filha, que está nos ouvindo aqui agora? E como chegou neste ponto? Escolhas erradas", disse Bolsonaro na entrevista.