O jornalista Octavio Guedes citou um trecho do livro de Deltan Dallagnol, “As lógicas das provas no processo”, para formular uma pergunta ao agora ex-deputado federal, em entrevista à GloboNews nesta quinta-feira (18/5).
Guedes lembrou que uma das críticas feitas ao ministro Benedito Gonçalves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é que ele teria feito uma “inferência” em seu voto como relator que indeferiu a candidatura do ex-procurador da Lava-Jato.
“Deputado, uma das críticas que se faz ao voto do ministro Benedito é que ele construiu uma inferência de que as investigações a que o senhor responderia iam virar processos disciplinares, que resultaram em punição, e que sua exoneração era para fugir disso. Então são uma inferência”, disse.
Citando o livro de Dallagnol ele pergunta. “O livro diz o seguinte: ‘o melhor instrumento disponível da análise probatória, hoje, é a inferência para melhor explicação’. A minha pergunta é, você acredita que provou do próprio veneno?”, indagou.
Futurologia
Deltan negou que teria provado do próprio veneno, pois para ele, toda prova é uma inferência. “O que aconteceu é que ele (Benedito Gonçalves) fez quatro suposições, uma em cima da outra. A primeira é de que reclamações, que a imensa maioria é arquivada, se converteriam em processos disciplinar”, começou.
Ele explica que a segunda suposição é de que algum processo disciplinar iria se converter em condenação. A terceira seria de que alguma condenação seria por demissão. “A quarta é de que eu tinha antecipado minha saída do Ministério Público porque teria antecipado tudo isso. Como se se pudesse punir alguém pela suspeita de que no futuro aquela pessoa viesse a ser acusada e condenada”, disse.
“Fizeram uma suposição em cima de uma suposição. Fizeram exercício de futurologia.” completou. Inferências são conclusões que podem ser tiradas de interpretações.