O deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) foi intimado a depor pelo novo juiz da Lava-Jato, Eduardo Appio, sobre as declarações do advogado Rodrigo Tacla Duran, que acusa o ex-procurador e o ex-juiz Sergio Moro de envolvimento em tentativa de extorsão para que não fosse preso durante a operação. O despacho foi publicado nesta sexta-feira (19/5).
Segundo o G1, Dallagnol será ouvido na condição de testemunha por ter sido citado por Tacla Duran, que também fez uma acusação de suspeição contra o procurador da República Walter José Mathias Júnior. O advogado afirma que Deltan possui proximidade com membro do Ministério Público (MP) e por isso não poderia atuar no caso.
Eduardo Appio quer ouvir Dallagnol sobre esse possível “vínculo de amizade pessoal e íntima” com o procurador. O juiz destaca que. durante uma audiência com Tacla Duran, Mathias Júnior reconheceu os vínculos pessoais com o ex-deputado. A audiência foi marcada para 19 de junho, às 16h30, na 13ª Vara Federal de Curitiba.
Duran é réu acusado de lavagem de dinheiro. Ele alega que foi "alvo" da operação por não ter aceitado ser "extorquido". De acordo com as denúncias do advogado, pediram a ele US$ 5 milhões para que ele não fosse preso no âmbito da Operação Lava Jato.
O advogado entregou à Justiça fotos e gravações que, supostamente, confirmariam suas acusações. Devido ao "grande poderio político e econômico dos envolvidos", Tacla Duran foi encaminhado ao programa federal de testemunhas protegidas e, atualmente, vive na Espanha.
Como o caso envolve Sergio Moro, hoje senador, e Deltan, que era deputado, Eduardo Appio enviou o processo para o Supremo Tribunal Federal (STF), responsável por julgar autoridades com foro. Como o ex-procurador perdeu o mandato na noite de terça-feira (16/5), ele não possui mais o privilégio.